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BRT da Transoeste agrada usuários, mas passa por teste com ressalvas

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O Jornal do Brasil foi até Santa Cruz (Zona Oeste) nesta segunda-feira conferir o primeiro grande teste do BRT Transoeste, ônibus articulado que transporta passageiros, em via expressa e exclusiva, até a Barra da Tijuca. O sistema foi inaugurado na última quarta-feira e, após o feriado de Corpus Christi, teve hoje sem primeiro dia de circulação com grande público. 

O trajeto de 32 km, que começou na Estação Pingo D’Água e foi até o Terminal Alvorada, foi percorrido em cerca de 50 minutos. Além da redução do tempo de percurso, chamou a atenção o Túnel da Grota Funda, entre o Recreio e Guaratiba, também aberto ao público recentemente.

Uma das principais melhorias no transporte público da cidade em vista aos grandes eventos esportivos que o Rio sediará simplesmente ignora os prováveis turistas estrangeiros que receberemos. O sistema de som que informa as estações que se aproximam, e as que virão, ‘fala’ apenas português. Orientações sobre os perigos do embarque e do desembarque nas plataformas, e outras sinalizações, ignoram idiomas gringos.

No que diz respeito à acessibilidade, as plataformas e os ônibus receberam elogios dos usuários. O músico Rubens Leite Júnior, de 55 anos, que usa muletas devido a um AVC, comparou o BRT com os coletivos normais.

“Apesar do entorno das estações ainda ser complicado, depois que se sobe na plataforma até o momento de descer do BRT é completamente diferente do que estou habituado”, avaliou ele,  morador em Botafogo e que costuma visitar amigos em Sepetiba. “Só o fato de a altura do chão até o primeiro degrau não variar nunca já é uma segurança incrível”.

Outro fator que chamou a atenção dos usuários é a velocidade de cruzeiro dos ônibus articulados. Embora transitem em pista exclusiva, os coletivos não passam dos 60km/h. Além de irritar os passageiros, que acham que a viagem poderia ser mais rápida, o fato foi alvo de questionamentos do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio de Janeiro (Sintraturb).

“É muito perigoso ficar dirigindo em uma velocidade constante durante toda a jornada de trabalho. Os reflexos ficam reduzidos. Ao contrário das linhas coletoras, que enfrentam tráfego, paradas, semáforos, o BRT fica na mesmice. Este ponto deve ser revisto, ou há risco de muitos acidentes”, alertou Gerson Batista, um dos diretores do Sintraturb.

Moradora em Barra de Guaratiba, a doméstica Abigail Soares criticou o posicionamento das plataformas do BRT da Transoeste. Aos 59 anos, ela afirmou que ônibus e vans param longe das estações.

“É possível fazer a integração entre o ônibus e o BRT, mas não há conforto. Temos de andar muito. Não pensaram na população”.

Atração turística

Apesar de não dispensar a devida atenção aos prováveis visitantes estrangeiros, o BRT da Transoeste já virou atração turística entre os cariocas. E teve gente que não aguentou esperar até as férias para andar nos ônibus articulados. Os irmãos Jonathan e Geovana Carvalho, de 11 e 13 anos respectivamente, faltaram aula para curtir o passeio. Moradores em Bangu, eles estavam acompanhados da mãe e da avó.

“Sempre que passei por aqui durante as obras fiquei imaginando como seria andar neste ônibus articulados. Por isso que minha avó nos trouxe aqui”, disse a menina. “Achei muito interessante, superou minhas expectativas”.