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Preços de imóveis no Rio de Janeiro começam a cair após supervalorização

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Os cariocas estão assustados com os valores praticados no mercado imobiliário da cidade. Os preços de imóveis, tanto novos como usados, dispararam desde 2008 por conta do aumento do crédito ao consumidor e da demanda acentuada no mercado. As cifras tiveram aumento substancial em toda a cidade, com destaque para a Zona Sul e a Barra da Tijuca. No entanto, nos últimos meses as vendas vem tendo ritmo mais fraco, o que especialistas da área consideram como reflexo do "preço irreal" do mercado. 

Segundo o vice-presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Rio (CRECI-RJ), Edecio Cordeiro, de 2008 a 2011, houve um boom imobiliário em todo o Brasil. O metro quadrado no Rio de Janeiro disparou e, atualmente, é o mais caro do país, com imóveis novos e usados a preços muito elevados. Contudo, Cordeiro enxerga que o mercado imobiliário está, agora, se ajustando.

“Houve uma parada de consumo pelas pessoas que adquiriram sua casa própria. Ainda está se vendendo muito bem, mas deu uma parada. Não há mais um excesso”, avaliou Cordeiro. “O preço do imóvel estava fora do preço do mercado, estava fora da realidade, mas o mercado está se ajustando”.

Para ele, as recentes perdas das maiores incorporadoras nas bolsas de valores, que registram até 65% de recuo na comparação com mesmo período do ano passado, não influenciam de forma determinante o setor.

“O problema não são as vendas, mas um déficit imobiliário, tanto do lado comercial quanto do residencial. A demanda profissional continua aumentando, o mercado ainda está aquecido, as próprias construtoras estão demandando a mão de obra”, apontou. “Os valores estão caindo mesmo, mas é apenas um ajuste do mercado, que está supervalorizado, e agora está voltando a um preço mais ajustado. A queda deve ficar neste patamar de 20% a menos”.

Teresinha Vitale, administradora e funcionária pública, conta que se surpreendeu com o valor atual de apartamentos na Zona Sul. Segundo ela, em 2009, quando buscava por um imóvel no bairro de Laranjeiras, os preços eram mais de 50% inferiores aos de hoje.

“Quando eu fui procurar, em 2008, um apartamento em Laranjeiras, cheguei a encontrar por R$ 320 mil uma unidade com três quartos e 100 metros quadrados. Hoje, os valores mais do que dobraram”, revelou.

Em rápida pesquisa na Internet, a equipe do Jornal do Brasil apurou que, atualmente, um apartamento de 57m² e apenas um quarto na Rua das Laranjeiras, principal via do bairro, está listada pelo valor de R$ 490 mil. Assim, o metro quadrado, no caso, custa mais de R$ 8,5 mil.   

Leblon e Ipanema

O corretor e incorporador Rubens Vasconcelos afirma que o mercado no Rio de Janeiro subiu muito em alguns locais da cidade, o que pode significar uma acomodação nos preços. Ainda existe procura por vendas isoladas, e não por incorporação, em Ipanema e no Leblon.

“Historicamente, o mercado nunca trabalhou até março, e a semana santa também impossibilita uma noção melhor de como o mercado está. Só a partir desse mês as informações serão mais concretas. Com os grandes eventos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, ainda pode haver procura, aquecendo o mercado. Muitos investidores estrangeiros estão comprando imóveis no Rio”, disse.

Para o corretor Moacir Andrade, que está no ramo imobiliário há mais de 45 anos, os preços precisam ser revistos ou não haverá vendas. Segundo ele, os valores praticados no mercado atualmente são “assustadores” e no bairro da Barra da Tijuca já acontece uma redução dos preços dos imóveis porque não há compradores.

“É assustador ver os preços quês estão sendo praticados no mercado hoje “, disse Andrade em conversa com o Jornal do Brasil. “Ou cai o preço, ou não vai ter venda”.

Andrade acrescentou que houve uma frenagem no ritmo de vendas de imóveis na cidade do Rio nos últimos meses e as ofertas chegam a preços 30% mais baratos do que há cinco meses na Barra da Tijuca.

No entanto, em dois bairros nobres da Zona Sul carioca, Leblon e Ipanema, os valores das unidades imobiliárias foram mantidos porque, nesses locais, os vendedores têm condição financeira capaz de esperar por um comprador que pague aquilo que os satisfaça;  

“Quem tem condição financeira para esperar até que se pague o preço atual, não muda o preço, mas quem precisa vender costuma reduzir o valor do imóvel”, analisou Andrade.