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Beltrame: é ingênuo achar que não haverá problemas em ocupação 

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Não houve qualquer confronto na substituição, nesta terça-feira, de parte da tropa de soldados das Forças Armadas por policiais militares nas favelas da Fazendinha e Nova Brasília, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio de Janeiro. Mesmo assim, o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, foi obrigado a responder perguntas sobre problemas enfrentados em outras áreas pacificadas - como a Rocinha, onde um líder comunitário foi executado na tarde de segunda-feira - ou com UPPs. Ele reagiu com irritação.

"É ingenuidade acreditar que nenhum problema vai acontecer em áreas esquecidas pelo poder público há 30, 40 anos. Nós não podemos achar que em quatro ou cinco meses vamos resolver tudo", afirmou Beltrame, que visitou a base da Força de Pacificação do Complexo do Alemão para verificar como andava a operação de hoje. 

"Nós estamos mexendo com interesses de criminosos que estão instalados aqui há décadas. Óbvio que essas coisas podem acontecer. Nenhum lugar que nós pacificamos foi fácil porque se muda uma lógica. Logicamente pode haver reação dessas pessoas que estão tendo seus interesses criminosos contrariados. Os episódios da Rocinha são semelhantes aos que ocorreram em outros lugares".

Beltrame garantiu que não há a menor possibilidade de mudança de estratégia em face dos últimos problemas. "Nós não vamos recuar. Temos certeza que as operações estão corretas e são completamente necessárias", disse. 

"Temos de garantir o direito de ir e vir das pessoas dessas comunidades e a polícia não vai sair daqui ou de qualquer outro lugar ocupado".

O secretário também respondeu a questionamentos sobre o efetivo de homens da Polícia Militar que serão utilizados no Complexo do Alemão depois da implantação das UPPs - o que deve ocorrer até o final de junho. Nesta terça-feira, em um primeiro momento da ocupação policial, 300 homens foram destacados para as duas favelas. O efetivo do Exército no local chegou a 2,2 mil soldados, número que dificilmente será igualado pelas UPPs, embora ainda não haja uma definição de quantos estarão trabalhando até o final de junho, quando as oito unidades do Alemão forem implantadas.

"É claro que teremos um efetivo menor, mas a população ganha na questão do preparo do policial militar que vai atuar agora nas comunidades. Eles foram treinados e capacitados para atuar aqui, enquanto os soldados das Forças Armadas têm outro tipo de preparação, boa também, mas não voltada para este tipo de serviço", justificou Beltrame. "A proximidade da polícia com a população é que vai fazer com que o sistema tenha sucesso".