As empresas que integravam o esquema de fraudes em licitações da área da saúde denunciado por uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, já tinham um longo histórico de problemas nos serviços que prestavam nas três esferas do poder público. As empresas Locanty Soluções e Qualidade, Bella Vista Refeições Industriais, Rufolo Empresa de Serviços Técnicos e Construções e Toesa Service possuem contratos com prefeituras do Rio de Janeiro, com o governo fluminense e com instituições federais.
A companhia com o maior histórico de irregularidades é a Locanty, que atua em diversas áreas da administração pública. Em 2011, a Polícia Civil prendeu uma quadrilha que fraudava a liberação de carros rebocatos em depósitos da Prefeitura do Rio adminstrados pela empresa. Na ocasião, 19 funcionários foram presos e o contrato foi cancelado.
Em Duque de Caxias, a Locanty, por diversas vezes, deixou de realizar o serviço de recolhimento do lixo residencial na cidade. Pilhas de detritos se acumularam por todo o município, espalhando insetos e outros vetores de doenças. Já em Belford Roxo, onde a Locanty mantém uma sede, foi descoberto por homens da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DSD) da Polícia Civil uma ligação irregular de água. Além disso, a empresa foi acusada de pagar pelos serviços de um lobista para conseguir a licença ambiental de uma obra em Angra dos Reis.
Já a Toesa foi denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que pediu, através de uma Ação Civil Pública, para que as ambulâncias da empresa fossem desapropriadas, por conta de deficiências na prestação de serviço para a rede municipal de saúde. Em outra investigação, a Toesa foi acusada de fraudar uma licitação para realizar a manutenção de veículos utilizados no combate à dengue.
Outra empresa, a Rufolo é acusada pelo Tribunal de Contas da União de superfaturar um contrato para a lavagem de roupas em hospitais federais do Rio de Janeiro. Outros contratos também despertam desconfiança de má prestação de serviços. A Rufolo cuida da manutenção e limpeza de espaços problemáticos, como o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, o Hospital Estadual Rocha Faria e o Centro Esportivo Miécimo da Silva, os dois últimos em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.
A Bella Vista Refeições Industriais não teve histórico de reclamações divulgado, já que este é apenas o nome fantasia da empresa. A prefeitura do Rio afirmou, através de nota oficial, que está procurando possíveis contratos com a empresa, que não divulga sequer seu CNPJ no seu site oficial.
Contratos serão cancelados imediatamente
A Prefeitura do Rio, o governo do estado e o Ministério da Saúde já se manifestaram sobre as suspeitas, afirmando que cancelarão todos os contratos vigentes com as empresas envolvidas no esquema de fraudes em licitações.
A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar as denúncias e já realizou diligências nas sedes das quatro prestadoras de serviços durante esta segunda-feira.
Os donos e gestores das acusadas foram intimados e prestarão depoimento ainda nesta semana, de acordo com o delegado Victor Poubel.