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Prefeitura contribui para desorganização do carnaval de rua, reclamam cariocas 

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Nem tudo tem sido confete e serpentina para muitos moradores da Zona Sul carioca, onde se concentram cerca de 40% dos blocos que percorrem as ruas da cidade no período que antecede o carnaval oficial do Rio de Janeiro. Moradores do Jardim Botânico, Laranjeiras e Santa Teresa queixam-se da sujeira provocada, segundo eles, pela falta de fiscalização da prefeitura, e dos transtornos no trânsito quando os agentes da Guarda Municipal não conseguem limitar o número de pistas disponíveis para os foliões, que terminam por ocupar as principais vias e provocar congestionamentos.

A divulgação de uma marca de cerveja na promoção do carnaval de rua pela Prefeitura do Rio teria descaracterizado a festa e promovido uma intensa poluição visual nas ruas, segundo o diretor da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), Abaeté Mesquita. 

"Esta cervejaria, que parece ter uma parceria com o Eduardo Paes, espalha muitos galhardetes e dificulta ainda mais o trabalho de garis da Comlurb", diz Mesquita. "Cadê a prefeitura para fiscalizar estas irregularidades? Durante as eleições, por exemplo, fica proibido pendurar material de campanha nos postes, mas no Carnaval parece que está tudo liberado se rolar uma parceria com o prefeito. A organização bem feita do Carnaval de rua não consiste apenas em prender os mijões que emporcalham a cidade", reclamou o morador de Santa Teresa, bairro da Zona Sul com ruas estreitas, que recebem ao menos sete blocos durante a Festa de Momo.

Já no bairro de Laranjeiras, a reclamação dos moradores versa sobre a utilização dos carros de som nas ruas sem saída, o que impede o trânsito livre dos moradores.

"Devido à confusão que estamos constatando nos últimos carnavais, vamos pedir à prefeitura que proíba os blocos que fazem uso de carro de som. As ruas de Laranjeiras não comportam  este tipo de carro pois são, em sua maioria, sem saída. O ideal seria manter apenas os blocos que  contam com bandas", alertou uma moradora do bairro que não quis se identificar. "A Prefeitura já deveria ter atentado para este problema há mais tempo. Não basta reduzir o número de blocos".

Ainda de acordo com a moradora, no sábado (11), a desordem foi total durante o desfile do bloco 'Chupa, mas não baba'. O grupo de foliões invadiu as quatro pistas da Rua das Laranjeiras, quando o estabelecido seria o uso de apenas duas. 

"A Guarda Municipal é completamente desrespeitada durante o desfile de alguns blocos. A divulgação da prefeitura é inversamente proporcional à sua organização", dispara a moradora. 

Para quem vive em Santa Teresa, o problema mais grave tem sido a interdição das ruas nos dias das passagens dos blocos. Assim, com a restrição aos carros no bairro eminentemente residencial, os idosos da região se veem obrigados a subir escadarias e ladeiras para se locomover de outros bairros até suas casas. 

"Este ano tem sido pior do que nos outros anos, pois, além de não podermos usar nossos carros, estamos sem o bondinho de Santa Teresa. São interdições que só complicam a nossa vida. Santa Teresa não é lugar de micareta", reclama.

No Jardim Botânico, solução foi dada pelos próprios moradores

Diante da dificuldade da prefeitura em harmonizar a passagem dos blocos sem atrapalhar o dia a dia dos moradores, os representantes da Associação de Moradores e Amigos do Jardim Botânico (AmaJB) conseguiram, junto aos organizadores dos blocos, que o fluxo do grupo de foliões fosse alterado.

Antes, os maiores e mais tradicionais blocos - como o Suvaco do Cristo, que reúne cerca de 35 mil pessoas - ficavam parados na Rua Jardim Botânico, a principal do bairro. Agora, diante da reivindicação da AmaJB, a festa é feita na Rua Pacheco Leão e segue em direção à Gávea. 

"Conseguimos resolver parte dos transtornos por nós mesmos. O que a prefeitura deve cuidar agora é da questão da segurança. É muito comum assaltos durante a comemoração dos foliões", pontuou Alfredo Piragibe, presidente da AmaJB.