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RJ: bombeiro é preso após gravação em que negociaria greve 

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O cabo bombeiro Benevenuto Daciolo, flagrado por escutas da polícia negociando um possível acordo entre os grevistas da polícia baiana com Bombeiros, Polícia Militar e Civil, do Rio de Janeiro, foi preso na noite desta segunda-feira no Aeroporto Internacional do Galeão, quando retornava de Salvador. O pedido de prisão foi feito pelo comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Sergio Simões. Ele foi levado para o quartel da corporação, onde passou a noite. 

Mais tarde, Daciolo foi transferido para o presídio Bangu 1, na Zona Oeste do Rio. Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros e secretário de Defesa Civil do Rio, coronel Sérgio Simões, a medida foi tomada por medida de segurança, para evitar uma possível invasão da Quartel General da corporação, para onde o cabo havia incialmente sido levado.

Segundo o coronel, ele ficará preso administrativamente por 72 horas até que a Justiça decrete a sua prisão preventiva. 

A prisão foi pedida pelo comandante do Corpo de Bombeiros após divulgação no Jornal Nacional de escutas telefônicas nas quais Daciolo articula negociações sobre uma possível votação da PEC 300, a emenda constitucional que garantiria um piso salarial único para bombeiros e policiais de todo o Brasil.

"Eu estou com uma assembleia geral amanhã no Rio de Janeiro, com a abertura de uma greve geral no Rio também, com probabilidade de não ter Carnaval nem na Bahia nem no Rio esse ano. E São Paulo acho que está para dar uma resposta agora e os outros Estados também", diz ele em um trecho que demonstra a intenção de mobilizar militares de diversos Estados para uma greve no período do Carnaval. Em outra conversa, Daciolo ouve de uma mulher que deve atrasar a paralisação na Bahia. 

"Está errado fechar a negociação antes da greve do Rio", afirma ela, que pede que ele volte para garantir a greve no Rio de Janeiro. "Se vocês garantirem a greve aqui, a mobilização aqui, vocês vão ajudar eles a liberar o (Marco) Prisco (líder do movimento na Bahia) a ter uma negociação". 

Contatado, Daciolo disse não se lembrar da conversa gravada e afirmou estar participando de um movimento pacífico na Bahia. Ele foi levado para o quartel central do Corpo de Bombeiros do Rio.

Gravação comprovaria acerto entre PMs da Bahia e do RJ para manter greve

Conversas gravadas entre pessoas ligadas aos PMs grevistas na Bahia e interlocutores do Rio confirmam o que o Jornal do Brasil já havia denunciado recentemente: que há articulações entre os militares baianos e colegas de outros estados para que a greve se alastre pelo país. Os trechos das conversas também mostram que o chefe do movimento em Salvador, Marco Prisco, combina uma suposta ação de vandalismo durante a paralisação. 

Partes da gravação foram exibidas na noite desta quarta-feira pelo Jornal Nacional, após o JB ter denunciado que haveria acertos entre militares baianos e fluminenses.No primeiro trecho, Prisco manda que um de seus comandados envie "toda a tropa" para Salvador. Como resposta, ouve, do outro lado da linha:"Eu vou queimar uma viatura. Eu vou queimar duas carretas agora na Rio/Bahia". Prisco responde: "Fecha a BR aí, meu irmão".

Outra gravação comprova o que o JB já havia adiantado: a articulação entre os militares baianos e seus colegas fluminenses, quando o cabo bombeiro do Rio de Janeiro Benevenuto Daciolo, um dos líderes do movimento grevista da corporação no ano passado. Ele fala ao telefone com uma pessoa não identificada a respeito de uma possível votação da PEC 300, emenda constitucional que unifica o piso salarial de bombeiros e policiais em todo o Brasil.

Daciolo conversa com um homem a quem ele classifica de "importantíssimo" a respeito de uma possível votação da PEC 300, a emenda constitucional que garantiria um piso salarial único para bombeiros e policiais de todo o Brasil. Na conversa, fica claro que o objetivo de estender a greve de policiais baianos ao Rio de Janeiro, São Paulo e outros estados com o objetivo de prejudicar o Carnaval.

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"Eu estou com uma assembleia Geral amanhã no Rio de Janeiro, com a abertura de uma greve geral no Rio também, com probabilidade de não ter carnaval nem na Bahia nem no Rio esse ano. E São Paulo acho que está para dar uma resposta agora e os outros estados também", diz Daciolo ao telefone.

Em outra conversa, Daciolo, que estaria em Salvador, ouve uma mulher não identificada pedir ao militar que incentive os baianos a não fecharem um acordo com o governo antes da decisão a respeito da greve no Rio, já que, segundo a interlocutora, o fim da greve na Bahia prejudicaria a possível paralisação dos policiais fluminenses.

Veja o vídeo com denúncias de PMs do RJ, publicado pelo 'JB' em 30 de janeiro:

Na terça-feira, uma nota do Informe JB, sob o título "Grevistas da Bahia podem aguardar acontecimentos no Rio", antecipava um possível acerto entre policiais baianos e fluminenses. Denúncias feitas pelo Jornal do Brasil há 15 dias já antecipavam a preocupação do governo federal com a greve dos policiais militares.