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Homem desaparecido em desabamento no Rio atendeu celular de madrugada

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A apreensão para encontrar os desaparecidos no desabamento dos três prédios no Centro do Rio continua intensa para muitos parentes das vítimas. A jovem Tatiana, que não revelou o sobrenome, aguardava trêmula na Câmara de Vereadores por notícias do noivo, o biólogo (que trabalhava numa empresa que prestava serviços para a Petrobras) Flávio Porrozzi, de 30 anos, que participava de um curso de informática em um dos prédios que ruiu. Na madrugada desta quinta-feira (26), ela conseguiu ligar para o noivo, que atendeu e só pôde dizer "Oi, meu amor", antes que a ligação perdesse o sinal e fosse cortada.

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O tio de Flávio, Ricardo Porrozzi, que também está no local, confirmou que Tatiana falou com o noivo por volta 0h30, cerca de três horas depois do desabamento. Flávio teria atendido a ligação da noiva, mas logo depois o sinal se perdeu e a conexão foi cortada. Desde então, ela não conseguiu mais falar com o biólogo. 

Câmara de Vereadores como refúgio  

A Câmara dos Vereadores do Rio se tornou refúgio dos parentes dos desaparecidos nos desabamentos dos três prédios no Centro do Rio. Da sacada, muitos choram enquanto outros rezam na esperança de encontrar seus entes queridos vivos. O ambiente no local é de muita confusão e atordoamento.

O aposentado José Alves recebeu ontem, em Cabo Frio, a noticia de que sua prima, a administradora Ana Cristina Farias, de 50 anos, estava entre os desaparecidos. Ela trabalha no escritório da empresa Ábaco, que se situa no Edifício Liberdade, na Av. Treze de Maio. José viajou ainda na noite de ontem para o Rio e se juntou ao restante da família na Câmara para esperar por notícias de sua prima.

“Já estive no local e não vejo nenhuma probabilidade de encontrar minha prima com vida”, contou, muito emocionado, o aposentado.

Segundo parentes de vitimas ouvidos pelo JB, uma equipe de psicólogos e médicos está prestando atendimento aos parentes das vítimas desde a noite de ontem.

Até o início da tarde desta quinta-feira, havia a confirmação de quatro mortos e seis feridos. Entre os mortos há três homens e duas mulheres. Os Bombeiros ainda buscabam por 22 pessoas desaparecidas

Advogado: “Parecia uma turbina de avião”

O advogado Claudio de Taunay, de 33 anos, tem um escritório de advocacia em um prédio vizinho ao Edifício Liberdade, na Av. Treze de Maio. Ele conta que ouviu um tremor muito forte e conseguiu descer do 16º andar até o 7º, mas a partir desse pavimento a escada estava bloqueada por entulho e não era possível prosseguir. Claudio disse que voltou ao seu andar e ficou esperando a chegada do resgate.

Segundo o advogado, seu maior medo era ter morrido. Ele teve dificuldade em compreender a situação.

“O barulho parecia uma turbina de avião. Era assustador”, disse. “Só quando desci que entendi que o prédio realmente tinha caído”.