ASSINE
search button

MPF investiga atuação de milícias em obra de empresa de Eike Batista  

Compartilhar

O Ministério Público Federal (MPF) em Campos, no Rio de Janeiro, instaurou procedimento para investigar suposta formação de milícias e a violação de direitos humanos no município de São João da Barra, onde será construído o Porto do Açu, empreendimento do grupo EBX, do empresário Eike Batista. De acordo com o MPF, seguranças privados e policiais militares estariam atuando de forma truculenta e arbitrária na desapropriação de agricultores e pescadores do 5º distrito da cidade.

Denúncias apontaram cerca de 800 famílias que querem permanecer na região, mas que estão sofrendo diversas ameaças para deixar o local. Além disso, moradores que já foram removidos não teriam recebido indenização e alguns despejos foram realizados sem a apresentação de ordem judicial.

A Polícia Federal deverá atuar na área para investigar se os seguranças privados foram realmente autorizados a trabalhar na região. Mesmo autorizados pela PF, os seguranças não poderiam realizar desapropriações.

O MPF irá oficiar ainda a Polícia Militar, a Polícia Civil, o Ministério Público Estadual (MPE), a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, o Governador do Estado e a prefeitura de São João da Barra para que possam prestar esclarecimentos e informações sobre a situação dos moradores.

No curso da investigação, diretores e empregados da empresa LLX - responsável pela obra - deverão ser chamados a depor. Caso sejam comprovadas violações graves dos direitos humanos e omissão do poder público local, o MPF poderá solicitar na justiça a atuação da Força Nacional na região.

"O MPF não irá tolerar nenhuma violação de direitos humanos, sendo seu dever mediar, evitar e eliminar conflitos fundiários coletivos. Se há abusos por parte das autoridades ou de particulares, mesmo a pretexto de exercício de direito, iremos investigar e buscar a punição dos culpados e a salvaguarda da integridade física e moral das populações envolvidas" - disse o procurador da República Eduardo Santos de Oliveira, responsável pela investigação.

A instauração de procedimento investigatório e as denúncias recebidas serão comunicadas também à Presidência da República, à Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados e da ALERJ e às Procuradorias Regional e Federal dos Direitos do Cidadão.