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Barco de Iemanjá volta a encantar Copacabana 

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Mais um fim de ano chegou e, com ele, a festa religiosa tão tradicional para fiéis de vários segmentos: o Barco de Iemanjá. A Congregação Espírita Umbandista do Brasil (Ceub) realiza, pela sétima vez, no próximo dia 29, a partir das 16h30, o presente à Rainha do Mar, na Praia de Copacabana, altura da Rua Paula Freitas (Posto 3). Com a presença de sacerdotes de outras religiões e membros da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), a fundadora do grupo e presidente da Ceub, Fátima Damas, tem boas perspectivas para o festejo deste ano.

“O Barco de Iemanjá é uma tradição não só para umbandistas. Pessoas de várias religiões me perguntam sobre os preparativos durante todo o ano e costumam parabenizar pela beleza de todos os festejos. É um trabalho que fazemos com muita dedicação e esperamos sempre levar paz, equilíbrio e muito amor a todos nesta sétima edição, pois são princípios fundamentais da Umbanda”, declara.

Da sede da Congregação, à Rua Sampaio Ferraz, 29, Estácio, sai uma carreata, às 15h, para acompanhar o Barco até a praia. Centenas de pessoas deslocam-se do bairro central até a Zona Sul do Rio a fim de reverenciar Iemanjá.

Com a chegada da imagem do orixá mais popular do Brasil a Copacabana, sacerdotes de diversas religiões declaram seus respeitos com o segmento umbandista e por que da participação na festa.

“Iemanjá também é sagrada para o Candomblé e, apesar de reverenciarmos de formas diferentes, é importante mostrarmos união com os umbandistas. O Barco de Iemanjá é acompanhado por milhares de pessoas todos os anos, faz parte da cultura brasileira.”, ressalta o babalawo e interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos.

"O cristão católico, desde o Concílio Vaticano II, é convocado, a partir da fé em Jesus Cristo, a conhecer, valorizar e afirmar os valores positivos das diversas tradições religiosas. Nessa perspectiva, encontramos em cada barco ofertado tesouros imateriais da fé, de afirmação ecológica e de diálogo sincero”, ressalta padre Gegê, da Paróquia Santa Bernadete.

Para a diretora de Diálogo Inter-religioso da Federação Israelita do Rio de Janeiro (Fierj), Diane Kupermam, a participação compõe a força do trabalho pela paz entre as religiões e também se faz importante por celebrar uma entidade feminina. “Participar do Barco de Iemanjá representa, antes de mais nada, o profundo engajamento no diálogo inter-religioso que requer participação respeitosa nas celebrações religiosas de outros credos. No meu caso particular, como ativista de movimentos feministas que lutou em prol da igualdade de gêneros, e como judia liberal, que conquistou o direito de participação nos cultos e rituais judaicos antes exclusivamente masculinos, significa ainda tomar parte de uma festividade que celebra uma entidade feminina.

Iemanjá representa a maternidade, a compaixão, o amor e o perdão, mas encarna, também, o poder sobre as forças da natureza e a capacidade de domar todas as paixões. E o símbolo feminino por excelência, com toda sua complexidade e suas contradições. Compartilhar da festa de Iemanjá  é reafirmar nosso compromisso comum – judeus, cristãos, muçulmanos, candomblecistas, umbandistas, kardecistas, ateus, e tantos outros - na construção de um mundo melhor, sem preconceitos, em que cada ser humano poderá exercer sua crença em liberdade”.