Foi sepultado, às 17h desta segunda-feira (5), no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio, o corpo do mecânico de engrenagens Nelson Marinho Filho, uma das vítimas da tragédia ocorrida em maio de 2009 no voo 447, da Air France, que caiu no Oceano Atlântico.
Nelson Filho é a primeira vítima do acidente, depois do último resgate de corpos, a ter um enterro formal. Seu corpo foi um dos 104 retirados do oceano na operação que ocorreu em junho deste ano. No total, 18 dos 103 corpos identificados são de brasileiros.
Na cerimônia, seu pai Nelson Marinho, presidente da Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447, mostrou indignação:
"Antes, parecia que nem era verdade, a gente não acreditava. Hoje, finalmente, há um encerramento, com o funeral do meu filho. Isso conforta um pouco mais, mas não encerra completamente, porque a luta continua. Eles falam que houve falha humana, e já está provado, com o meu documento, que não foi. Depois do AF 447, caíram mais seis A330. É defeito de fabricação".
O documento ao qual Marinho se refere, com reclamações do Sindicato de Pilotos Franceses a respeito de defeitos neste modelo de aeronave, foi entregue por ele à presidente Dilma Rousseff, ao ministro Celso Amorim, e ao então ministro da Defesa Nélson Jobim. Sem resultados, ele recorreu este ano ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cesar Peluso, pedindo uma investigação paralela feita pelo Brasil sobre as responsabilidades do acidente.
"Eu preciso, agora, da ação das autoridades brasileiras", disse Nelson Marinho. "É muito revoltante. Você cerca de carinho um filho, e ele se vai assim, da noite para o dia."
A escolha do enterro em Sulacap foi opção do filho mais velho de Nelson, devido à proximidade do local com a natureza. Para finalizar a homenagem à vítima, que sonhava em ser paraquedista, todos respeitaram o Toque de Silêncio.
Os 18 corpos resgatados começaram a chegar ao Brasil no fim de semana. A informação é do fundador da associação brasileira de vítimas do acidente aéreo, Maarten Van Sluys. Segundo ele, até o fim da próxima semana, todos os corpos devem ser enterrados.
O trabalho de retirada dos corpos das vítimas do AF 447 do fundo do mar foi feito em várias etapas. A última foi encerrada há alguns meses. De acordo com a perícia francesa, os restos mortais das vítimas incluem ossos como o fêmur, o que facilita a identificação.