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Ameaçado de morte, deputado Marcelo Freixo deixará o país nesta terça-feira

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A assessoria de imprensa do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) confirmou a informação de que, a convite da Anistia Internacional, o parlamentar e pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro nas próximas eleições deixará o país ainda nesta terça-feira. 

Responsável pelo indiciamento de cerca de 220 pessoas ligadas a grupo paramilitares no período em que presidiu a CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Freixo recebeu sete ameaças de morte em apenas um mês. A última delas na sexta-feira. Por motivos de segurança, o destino da viagem é mantido sob sigilo. Sabe-se apenas que é na Europa.

Em sua página na rede de microblogs Twitter, ele afirmou que o retiro é por tempo limitado e que a decisão não foi tomada por medo, mas sim devido a uma necessidade de que sejam feitos ajustes em seu esquema de segurança. Freixo fez ainda duras críticas ao poder público, que classificou como "inoperante e reativo, e lembrou o caso da juíza Patrícia Acioli, executada com 21 tiros no dia 11 de agosto, em Piratininga, Niterói.

"Sobre as ameaças, nunca recebi retorno das providências tomadas. Esse não é um problema meu, não é particular. Patrícia Acioli recebeu várias ameaças e nada foi feito. O poder público é reativo e inoperante. Eles não venceram e nem vão vencer, estarei de volta em breve", disparou.

Ameaças

O Jornal do Brasil teve acesso a alguns dos registros do Disque Denúncia que comprovam as ameaças ao deputado. O mais recente, recebido na última sexta-feira (27), indica que o seu assassinato estaria sendo articulado junto ao traficante Fernandinho Guarabú, do Morro do Dendê, na Ilha do Governador, Zona Norte. 

Entre os documentos, está ainda o ofício da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar, enviado ao coordenador institucional de segurança da Alerj, informando que o ex-cabo da Polícia Militar Carlos Ari Ribeiro, o Carlão, que fugiu do Batalhão Especial Prisional (BEP) no início de setembro, receberia R$ 400 mil para assassinar o deputado. A quantia seria paga pelo ex-soldado da PM e miliciano Tony Angelo Aguiar, conhecido como Erótico. A dupla já estaria a par de detalhes da rotina de Freixo, incluindo o horário em que ele anda sem seus seguranças.

No dia 17/10, entretanto, o cineasta José Padilha (diretor dos filmes Tropa de Elite 1 e Tropa de Elite 2) expôs, durante ato público na sede fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) para chamar a atenção às ameaças de morte recebidas por Freixo, uma nota em que a Secretaria de Segurança afirma não ter recebido qualquer informação sobre planos para executar o deputado. Apesar da suposta contradição, até a manhã desta segunda-feira o órgão não se pronunciou sobre o caso.

Eduardo Paes

Em seu twitter, Freixo também comentou a denúncia publicada no Jornal do Brasil, na última terça-feira, de que o então prefeito recém-eleito Eduardo Paes se reuniu em 2009 com milicianos para, em tese, garantir a vitória de seus grupos na licitação das linhas de vans.

"Ele já tinha recebido o relatório da CPI das milícias. Vários ali estavam indiciados. Uma vergonha!", disse o parlamentar.

Procurada na ocasião, a Secretaria Municipal de Transportes esclareceu que todos os participantes do processo licitatório que concedeu às cooperativas o direito de circular na Zona Oeste estavam de acordo com a

 lei. Apesar de terem sido citados na CPI das Milícias, eles ainda não tinham sido condenados por qualquer crime e atendiam aos requisitos previstos pela Justiça. A secretaria, no entanto, garantiu que, caso as irregularidades sejam comprovadas, as licitações serão suspensas.