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Greve dos operários do Maracanã é considerada abusiva por Tribunal

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A 1000 dias da Copa do Mundo, o Tribunal do Trabalho do Rio de Janeiro decidiu sobre o abuso da legitimidade da greve de operários que paralisa as obras do Maracanã há 16 dias. Com isso, a greve foi declarada ilegal.

Mais de 50 trabalhadores do consórcio responsável pelas obras do Maracanã, que estão em greve há 16 dias, fizeram uma vigília em frente ao prédio do Ministério do Trabalho, na Avenida Presidente Antônio Carlos, esperando a audiência.

Os trabalhadores realizaram apitaços e até mesmo orações à frente da sede da Justiça do Trabalho, tentando sensibilizar os magistrados. Eles manifestaram a vontade de continuar com a paralisação, mesmo com a decisão desfavorável na Justiça:

"Se a Justiça mandar a gente voltar a trabalhar, não pegaremos em uma ferramenta", afirmou Roberto Gomes da Silva, montador de andaimes.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada Intermunicipal do Rio de Janeiro (Sintraicp), Nilson Duarte Costa, no entanto, afirma que os trabalhadores acatarão a decisão judicial, independentemente de qual seja.

"O sindicato vai respeitar a decisão do Tribunal. A nossa função é dizer para o trabalhador a verdade e eles têm que cumprir. Isso dói, mas uma atitude desse tipo pode acarretar em coisas seríssimas, como justa causa e multas ao Sintraicp".

Costa questionou a escolha da turma recursal que julgou o caso. Segundo ele, embora tenha que haver um sorteio, foi a mesma responsável por determinar a improcedência de uma outra greve organizada pelo sindicato esse ano, mesmo com um parecer contrário emitido pelo Ministério Público. Ele afirmou ainda que as negociações devem continuar, mesmo com a derrota na Justiça.

"Tenho certeza que o consórcio não vai ser burro o suficiente de continuar fechado como uma ostra, sem negociar. Vamos seguir a vida. Estamos há mil dias da Copa. Em vez de estarmos comemorando, estamos fazendo greve. Mas isso é da vida, quando você é maltratado tem que procurar um meio de chegar ao bem estar de todo mundo".

"Comemos com cheiro de fezes", afirma presidente do sindicato

A Vigilância Sanitária não constatou nenhuma irregularidade nas dependências do restaurante instalado para atender os trabalhadores, em vistoria realizada logo assim que começaram as denúncias de distribuição de comida estragada e falta de condições de higiene. Apesar disso, Nilson Duarte Costa afirma que a situação é de calamidade.

"A greve não foi algo planejado. Os trabalhadores pararam a obra às 4h da manhã e impediram os companheiros de entrar pela manhã depois de receberem comida estragada pelo terceiro dia seguido. Há até hoje um cano da tubulação de esgoto estourado bem ao lado do refeitório, criando uma vala a céu aberto. Comemos com cheiro de fezes. Será que a Vigilância Sanitária não viu isso? Eu estive lá para cobrar uma solução. Eles dizem que vão consertar, mas até agora nada".

Trabalhadores reclamam de falta de condições de trabalho

Diversos trabalhadores se queixaram das condições de trabalho oferecidas pelo Consórcio Maracanã Rio 2014, responsável pela execução das obras. Entre as principais reclamações, estava a qualidade da comida e a falta de segurança para o exercício das suas atividades.

"Já tiveram vários acidentes lá no canteiro de obras. Teve um rapaz de se machucou e o socorro demorou mais de 50 minutos para chegar. Convivemos com péssimas condições", denunciou Gilvan Gomes, que trabalha como armador.

Outros funcionários reclamavam da falta de um plano de saúde. De acordo com o relato deles, confirmado por membros do Sintraicp, o Consórcio afirmou que concederia o benefício, mas até hoje não entregou os cartões para possibilitar o uso do benefício.

"Se alguém passar mal vai para o hospital público", disse Roberto Gomes da Silva.

Em discurso, um dos sindicalistas afirmou que outros empregados das empresas, com cargos superiores, já gozam desse tipo de benefício.

"O pessoal do setor administrativo já tem plano de saúde, os mestres de obra também. E nós, que ganhamos bem menos e temos mais necessidade, continuamos sem receber? É um absurdo".