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Alunos acampam na reitoria da UFF e dizem que não sairão até terem suas reivindicações atendidas

Principal delas é a interrupção do projeto que cria a Via 100 e a Via Orla

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Cerca de 300 estudantes invadiram, na manhã desta quarta-feira, a reitoria da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Icaraí, Niterói. O grupo tem uma pauta de reivindicações para discutir com o reitor da Universidade, Roberto de Souza Salles. As reivindicações propostas são: a gratuidade integral dos cursos de pós-graduação da Universidade, a ampliação das moradias estudantis e do restaurante popular do campus e a interrupção de um projeto urbanístico em parceria com a Prefeitura, que prevê a construção de duas avenidas, a Via 100 e Via Orla, no entorno do campus do Gragoatá.

Rafael Lazari, estudante de Psicologia, contou que o grupo tem tentado há tempos conversar com o reitor, sem resposta. Nesta quarta-feira, os alunos se reuniram com o vice-reitor, Sidney Luiz de Matos Mello, em uma sessão do Conselho Universitário. Segundo Lazari, ao ver que o grupo era muito grande, Sidney esvaziou o Conselho e se recusou a prosseguir com a negociação.

 “Na última quarta-feira, fizemos uma ocupação pacífica do jardim da reitoria, onde ficamos acampados até a madrugada de sexta-feira. O reitor não apareceu, mas mandou a Polícia Federal nos retirar do local. Hoje fizemos mais uma tentativa sem sucesso. Tivemos que partir para a radicalização, nossa última instância”, disse o estudante Rafael Lazari, que está no local.

Em nota, a UFF informou que, “a partir da tarde desta quarta-feira, será instaurada a reitoria itinerante dentro da ambiência da universidade em Niterói”. O texto garante que o vice-reitor tentou travar diálogo com os estudantes, que impediram o andamento da reunião e a continuidade do conselho. 

>> Leia a nota na íntegra

Sobre a gratuidade dos cursos de pós-graduação, Lazari garantiu que já foi feito um plebiscito no ano passado onde 87% dos votos foram favoráveis à gratuidade integral das mensalidades.

“Vamos acampar aqui, pacificamente, até que o vice-reitor atenda as nossas reivindicações”, garantiu o aluno.

Campi do interior

Outra crítica abordada pelos alunos é a falta de estrutura dos campi do interior do Estado, como em Rio das Ostras e em Campos dos Goytacazes. Segundo denúncias dos estudantes, em Rio das Ostras, alunos têm aula dentro de contêineres lotados, sem segurança, além da falta de moradia, bandejão, bolsas e professores.  A estudante de Serviço Social, Raylane Walker, explicou que a faculdade não é um prédio, e sim uma escola cedida pela prefeitura “com 12 salas, que não comportam a demanda de alunos”.

“A moradia estudantil não tem muros, a falta de professores é imensa. Quando entra professor, entra um substituto, que dá três, quatro matérias. As salas de aula são superlotadas, não tem bandejão, apenas um restaurante privado que não paga nada para prestar o serviço lá dentro. Só ganha o dinheiro”, argumentou Raylane.

A estudante contou que, no dia 25 de maio, alunos fizeram um ato reivindicando a colocação de um sinal de trânsito em frente à faculdade. A prefeitura instalou o sinal, mas não ligou. Na última terça-feira, uma aluna foi atropelada no local e morreu um dia depois. Na quinta-feira, a prefeitura fez a ligação do sinal.

O professor do Departamento de Serviço Social e diretor do Instituto de Humanidade e Saúde, Ramiro Dulcich, também fez críticas à política de interiorização da Universidade. Segundo ele, há muitas questões para se resolver quando se propõe a instalação de pólos universitários no interior do Estado.

“As pessoas muitas vezes não conhecem a realidade local. Deveria haver um espaço da reitoria dedicado à mediação, para ter um diálogo mais efetivo entre os pólos e a sede. A comunicação está muito centralizada na sede. Se a gente quer um saco de cimento, por exemplo, a gente tem que pedir pra sede, que analisa o pedido e manda o saco de tijolo. Demora muito mais e fica muito mais caro”, observou.