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Crea: análises indicam que freio de bonde foi acionado, mas não funcionou

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As primeiras análises de engenheiros do Conselho Regional de Engenharia (Crea) no local onde houve o acidente com um bonde, em Santa Teresa (Centro do Rio), no sábado, indicam que o freio do veículo não teria funcionado. Cinco pessoas morreram e 53 ficaram feridas após o choque e tombamento do veículo.

"Ainda são análises preliminares, mas constatamos que os trilhos não apresentam marcas que indicam travamento da roda, apesar de o freio ter sido acionado", explicou o engenheiro e vice-presidente do Crea, Luiz Antônio Cosenza.

Segundo o engenheiro, pode ter havido um vazamento no compressor de ar, o que tira a força para travamento da roda. "Ainda não podemos afirmar nada com certeza, mas estes são os indícios", disse.

Cosenza destacou ainda que não haveria condições de a superlotação ter causado o acidente. "Pode ter contribuído, mas este fator sozinho não é o responsável". O que pode ter acontecido, segundo o engenheiro, é que, ao notarem o bonde desgovernado, as pessoas tenham entrado em pânico e tentado saltar, fazendo peso e tombando o carro.

"O bonde estava lotado porque não há bondes, não há bondes porque não há investimento, não adianta jogar nas costas da população", completou o vice-presidente.

Para o engenheiro, o fato de o bonde ser antigo também não seria determinante para a falta de segurança. "Se tiver manutenção, reposição de peças, ele continua seguro, apesar de antigo", analisou, explicando que o veículo acidentado tem aproximadamente 50 anos e passou por uma reforma há cerca de 15 anos. "Foi a última grande reforma que se tem notícia."

Na carcaça do bonde, os peritos fizeram diversas marcações onde podiam ser vistos remendos, arames e soldas em lugar de parafusos. Cosenza também comentou esse fato: "Não me parece ser a causa do acidente, mas certamente mostra o desleixo com que ele estava sendo mantido. Este é o problema."

Nos próximos dias, os engenheiros do Crea vão se reunir para analisar a perícia feita e ouvir moradores, que encaminharam mais denúncias de falta de conservação e investimento. "Depois, vamos chamar os responsáveis por esta manutenção para prestar esclarecimentos na Comissão de Avaliação e Prevenção de Acidentes (Capa) do Crea. O bonde é um símbolo do Rio. É importante que sua imagem seja resgatada e que as pessoas se sintam seguras nele." 

Apuração: Maria Eduarda Ornellas