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Pai conta drama de perder filho durante treinamento de fuzileiros navais

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Vítima de problema parecido com o dos 57 recrutas da Marinha, que faziam treinamento para serem fuzileiros navais e acabaram hospitalizados, Ricardo Manhães perdeu um filho no início do ano passado durante uma série de exercícios físicos no Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (Ciampa), em Campo Grande (Zona Oeste do Rio).

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Antes de morrer, Adonay Santos da Costa Junior ainda contou ao seu pai de criação que se sentiu mal durante uma corrida, e que era comum a imposição de exercícios físicos que ultrapassavam os limites dos recrutas. O jovem morreu no dia 2 de março do ano passado.

"Para receber a correspondência que eu enviava por Sedex ao meu filho (no período de 20 dias, quando o jovem ficou sem comunicação com parentes), ele tinha que pagar 600 polichinelos", diz o aposentado. "Quando não conseguia, pedia a um sargento para parcelar em duas vezes de 300, em dias diferentes. Não se forma um atleta em 20 dias. Os métodos aplicados hoje pela Marinha tem que ser revistos".

Segundo Ricardo, com a morte de seu filho, um Inquérito Policial Militar foi aberto para apurar as circunstâncias. No entanto, a sindicância não apresentou resultados. 

"Instauraram um inquérito e nada foi descoberto. A Marinha me questionava muito se o meu filho já tinha apresentado problemas cardíacos. E eu anexei exames anteriores mostrando que ele nunca teve problemas desta natureza", lembra o aposentado.

Trinta dos 57 recrutas que treinavam no Ciampa devem receber alta nos próximos dias. Todos eles apresentam um quadro clínico de insuficiência respiratória, com exceção de Victor Hugo Pereira, de 19 anos. Com insuficiência renal, o jovem que sonhava integrar as fileiras da 'tropa de elite' da Marinha, tem sido submetido a hemodiálise. 

O Comando do Primeiro Distrito Naval foi procurado pela reportagem do Jornal do Brasil, mas ainda não se pronunciou sobre as declarações de Ricardo Manhães.