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Execução de juíza indica "mexicanização do Rio", diz presidente de ONG

Dirigente da Rio de Paz teme que assassinatos de autoridades tornem-se rotina

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A ONG Rio de Paz fez, nesta sexta-feira, um ato público pela morte da juíza Patrícia Acioli, executada a tiros na porta de sua casa. Uma cruz de cinco metros de altura foi erguida na Praia de Icaraí, em Niterói (Região Metropolitana do Rio), onde uma faixa que questionava “Quem silenciou a voz da Justiça?”, cercada por velas, lembrava o crime. O presidente da organização, Antônio Carlos Costa chamou a atenção para a gravidade do episódio.

“Só de pensar que homens armados, de forma organizada, silenciaram a voz da Justiça, num país onde parte dos problemas resultam da cultura de impunidade é coisa que desperta indignação de uma sociedade que espera encontrar mais agentes do poder público com nível de compromisso com a constituição federal, como o da juíza assassinada”, disse ele. “Esse caso é emblemático, aponta para um processo de mexicanização do Rio de Janeiro”.

O presidente da Rio de Paz justificou a comparação com o México, onde o narcotráfico já matou governadores de estado e alguns representantes do judiciário.

“Aqui, temos o caso da morte do filho do bicheiro Rogério de Andrade, que se não é uma autoridade, foi feita com tecnologia avançada, em um atentado a bomba, que depois ainda resultou na morte de seu chefe de segurança, morto em uma emboscada”, disse ele.

Para Antônio Carlos, a execução de Patrícia deve ser investigada e punida exemplamente, sob pena de tornar-se uma atitude comum.

“São crimes que começam acontecer no Rio que se nó não tomarmos cuidado nós vamos ter os mesmos problemas que temos com outras modalidades de crime, que um dia se insinuaram e não foram investigados e punidos da forma correta, e tornaram-se rotina”.

O pacifista afirmou temer que o episódio possa afetar o funcionamento do Judiciário, e até de outros segmentos da sociedade que, de alguma forma, denunciam violências.

“Imagina se daqui a pouco eu não posso estar aqui fazendo esse protesto, ou ter que sair do país por pedir o fim da violência, exercer minha cidadania. Por que era isso que a Patrícia fazia. E foi morta por isso. Se essa é uma coisa que causa conflito em mim, imagina no juiz que atua na mesma área da Patrícia, com esposa, filhos, família, certamente eles se sentem intimidados agora”, lamentou.

Em março deste ano, o blogueiro Ricardo Gama sofreu um atentado a tiros em Copacabana (Zona Sul). Ele foi alvejado na cabeça, três vezes, e no pescoço. Até hoje, a autoria dos disparos é desconhecida. A página na internet de Gama tornou-se conhecida por tratar de crimes e ações policiais, relacionando-os algumas vezes. A oposição ao governador Sérgio Cabral e ao prefeito Eduardo Paes também dão o tom de suas postagens.

O caso Patrícia

A juíza Patrícia Acioli morreu quando chegava em casa, na rua dos Corais, em Piratininga, região oceânica de Niterói. Segundo testemunhas, dois homens em uma moto fizeram os disparos contra o carro da magistrada, um Fiat Idea. A polícia investiga se um carro ou uma moto foi colocado na entrada da garagem para impedir a entrada do carro da juíza na garagem. De acordo com Ettore, o Disque-Denúncia está passando informações em tempo real para a DH, que está com 60% de todo seu efetivo empenhado neste caso.

- Foi uma execução. Estamos trabalhando para identificar o autor e o mandante. Nenhuma hipótese está sendo descartada e ainda não há uma linha de investigação.