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Presidente da Fiocruz procura polícia para obter explicações sobre quadrilha 

Grupo do Comando Vermelho obtia cerca de R$ 1,5 milhão mensais vendendo drogas

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Depois da prisão de cinco traficantes de drogas - apontados como líderes da facção criminosa Comando Vermelho e de um funcionário da Fiocruz - dentro das dependências da Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos (Zona Norte do Rio), o presidente da Fundação, Paulo Gadelha, entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro em busca de informações sobre as investigações.

Segundo a assessoria da Fiocruz informou em nota, na tarde desta quarta-feira (10), a Fundação estaria à disposição da polícia para ajudar nas investigações. 

" A Fiocruz se colocou inteiramente à disposição dos órgãos competentes para esclarecimento do fato, visando a segurança da população e de seus trabalhadores, visitantes e alunos. A instituição tomará todas as medidas cabíveis em relação ao envolvimento de um prestador de serviços de manutenção no caso", diz o documento. 

Entenda o caso

Cinco dos maiores traficantes do Comando Vermelho, presos na madrugada desta quarta-feira (10) nas dependências da Fiocruz, em Manguinhos (Zona Norte do Rio), foram apresentados nesta manhã. Segundo informações da chefe da Polícia Civil do Rio, delegada Martha Rocha, os cinco faturavam cerca de R$ 1,5 milhão por mês com a venda de drogas em diversas favelas cariocas.

Foram presos os criminosos conhecidos como Macarrão, fugitivo do Alemão, que comandava a venda de drogas nas favelas de Antares e Rola, em Santa Cruz (Zona Oeste do Rio). O traficante ficou muito conhecido depois de largar a prótese de uma de suas pernas para trás, enquanto fugia de policiais no Complexo do Alemão. 

Entre os presos também está Sombra, braço direito de Fernandinho Beira-Mar, grande traficante de drogas que tem forte influência em favelas de Caxias. Oriundo do Morro da Providência e um dos fugitivos que se escondia no Complexo do Alemão, Ratinho, também foi capturado. Magno de Souza era o atual chefe do tráfico na Mangueira - favela recém ocupada pela polícia, na Zona Norte. O quinto traficante, conhecido como Tio Rolinha, agia na Favela da Fazendinha, no Complexo do Alemão antes da pacificação e, ao ser preso, também não ofereceu resistência.

Com eles foram apreendidos um fuzil AK-47, quatro pistolas, sendo três Glock e uma Rugger, além de drogas e R$ 52 mil em dinheiro.

Os traficantes foram presos durante operação comandada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), com apoio de equipes do Departamento Geral de Polícia Especializada, Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas e de agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).

A ação teve início por volta das 4 horas, e os criminosos foram localizados junto às instalações da Fiocruz, na Avenida Leopoldo Bulhões. Com o resultado da operação foi constatado que os bandidos para não serem capturados em eventuais Operações policiais na comunidade de Manguinhos buscavam refúgio junto às instalações da Fiocruz. O oficial de hidráulica da Fundação, Marcelo Cardoso, o Choquito, que também foi preso, levava os bandidos em um veículo para outros locais por volta de 5h, quando os portões eram abertos.

A polícia suspeita do envolvimento de outros funcionários da Fiocruz no esquema. A Fiocruz fica próximo à Favela Mandela, um dos últimos redutos do Comando Vermelho na cidade do Rio de Janeiro.

A titular da DPCA, delegada Valéria Aragão, responsável pela operação, disse que as investigações começaram há cerca de um mês, pelas cracolândias da região. "A gente começou detendo os usuários e acabou nos traficantes. A ocupação das favelas tem que continuar. Prender os chefões do tráfico é uma questão de tempo", observou a delegada.

Valéria Aragão informou ainda que o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, está providenciando a transferência dos traficantes para presídios federais. Eles devem ter a companhia do criminoso conhecido como Biscoito, preso semana passada.