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Protesto reúne desalojados por obras da Copa 2014

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Ao som de "Se você pensa que a Copa é nossa, a Copa não é nossa não", cerca de mil pessoas, segundo os organizadores, se reuniram neste sábado, na Marina da Glória, na Zona Sul do Rio, para protestar contra as remoções de milhares de famílias por conta da Copa do Mundo de 2014. 

Os manifestantes se concentraram no Largo do Machado e seguiram em passeata até a Marina, onde acontece o sorteio das eliminatórias do Mundial, a partir das 15h. Cerca de 25 entidades, entre associações de moradores, Organizações Não-Governamentais e partidos políticos participam do protesto.

“Queremos debater a transparência dos serviços públicos, os direitos das pessoas atingidas pelas remoções e questionar qual é, afinal, o legado que vai ficar para a população depois da Copa”, disse Renato Cinco, um dos membros do Comitê Popular Contra as Olimpíadas.

A passeata seguiu em direção à Marina da Glória, onde teve uma pequena confusão com a polícia. Sem poder chegar muito perto da sede do evento, os manifestantes se sentaram na pista sentido Centro do Aterro do Flamengo. Não houve conflitos.

Moradores de comunidades de Vicente de Carvalho, Arroio-Pavuna, Autódromo, Canal do Anil, Pavão-Pavãozinho, entre outras, marcaram presença na manifestação para criticar as remoções realizadas pela Secretaria Municipal de Habitação em nome das obras para os jogos mundiais em 2014 e 2016. Eles reclamam das indenizações de baixo valor e da falta de pagamento do prometido aluguel-social.

Elisângela de Jesus dos Santos teve sua casa desapropriada pela prefeitura em janeiro, por conta da construção da AvenidaPavãozinho, no Pavão. “A Seop entrou na minha casa sem aviso prévio e sem nenhum comunicado. Só estava em casa a minha filha de 16 anos e minha sobrinha, de dois. Quando eu cheguei, as minhas coisas já estavam na rua, eles tinham quebrado os canos de água e a caixa d’água”, denunciou Elisângela, acrescentando que teve alguns de seus pertences roubados.

O aposentado José Marsi, 78, contou que recebe de seis a sete ligações da prefeitura por dia, pressionando-o a sair de casa. Morador de Vicente de Carvalho, área que sofre remoções por conta das obras da Transcarioca.

“O projeto inicial não implicava na remoção de ninguém. Aí eles mudaram o projeto e nem nos comunicaram. A Transcarioca vai acabar com a vida dos moradores ali.”

Professores e torcedores aderiram à causa

A manifestação, que a princípio deveria contar apenas com a participação de moradores removidos pelas obras da Copa, ganhou adesão de professores da rede estadual em greve e do Movimento 'Fora Ricardo Teixeira' - da frente nacional de torcedores - que pede a apuração de irregularidades nas obras, a não elitização do futebol, a salvação do Maracanã e a garantia da meia entrada nos jogos da Copa.

"Somente no evento de hoje estão sendo gastos 33 milhões de reais. Isso tudo para realizar uma Copa da qual nós, que vivemos no Rio de Janeiro, não poderemos participar. O futebol é do povo, e o estádio também é", disse João Hermínio Marques, um dos líderes do movimento, que pretende entregar uma bola com reclamações ao Comitê Organizador Local (COL).

O cacique Korubo também reclama das obras no Maracanã: "É um patrimônio histórico. Não pode ser demolido sem ouvir a comunidade", disse. Morador da Aldeia do Índio, no entorno do estádio, o cacique afirmou ainda que é  direito do Índio ter uma audiência pública, e isso não ocorreu. "Não podemos ser tratados como lixo", criticou. Crianças de área que estão sendo removidas também participam do protesto.

Primeiro evento oficial da Copa do Mundo de 2014 será transmitido para 600 milhões de espectadores

O Rio de Janeiro servirá de palco para o primeiro evento oficial da Copa do Mundo: o sorteio dos grupos das eliminatórias para a fase final do Mundial, que acontecerá entre os dias 12 de junho e 13 de julho de 2014. Neste sábado, na Marina da Glória, a Fifa e o Comitê Organizador Local (COL), em parceria com o Governo do Estado e a Prefeitura do Rio, preparam uma festa para comemorar o retorno da Copa ao Brasil depois de 64 anos.

Música e entretenimento marcarão o evento, que contará com a presença da presidenta da República, Dilma Rousseff, do governador Sérgio Cabral, do embaixador honorário para a Copa do Mundo, Pelé, e representantes de seleções. Importantes nomes da história do futebol, como Ronaldo Fenômeno, Zagallo, Bebeto e Zico, e revelações, como os jogadores do Santos, Neymar, e do Vasco, Fellipe Bastos, ajudarão no sorteio.

 Em dois palcos, serão apresentados os shows de Ivete Sangalo e a orquestra sinfônica de Heliópolis, de São Paulo, Ana Carolina e Ivan Lins, e Daniel Jobim e trio. Entre os sorteios, serão exibidos vídeos e animações em cinco telões. O evento será transmitido para mais de 200 países, com audiência estimada em 600 milhões de torcedores.

"Todo o planejamento para esta festa começou há mais de um ano, quando recebemos os requerimentos. Estamos aqui na Marina há bastante tempo: começamos as construções há dois meses. Esperamos fazer um grande evento, que deixe o Brasil com orgulho de nós e que mostre ao mundo como estamos preparados para receber a Copa", afirmou Joana Havelange, diretora do COL.

Eliminatórias: 824 jogos, 74.160 minutos de bola rolando e 31 países classificados

Os números nas eliminatórias são expressivos: serão 824 partidas, 74.160 minutos de bola rolando e 203 seleções participantes. O Brasil, por ser país-anfitrião, está automaticamente classificado. Assim como nas últimas Copas, a Europa brigará por 13 vagas, a África terá direito a cinco, a América do Sul e a Ásia, quatro, cada, e a América do Norte, a América Central e o Caribe disputarão três vagas. A América do Sul pode ter uma quinta vaga, se a seleção ganhar a repescagem.

Rio de Janeiro: a capital da Copa do Mundo

O Rio de Janeiro não emprestará apenas um Maracanã moderno, confortável e sustentável para ser palco da final da Copa. A cidade receberá também o Centro de Mídia, que transmitirá para o mundo o torneio, e a sede do Comitê Organizador. Mobilidade urbana, com os corredores expressos e o aumento da frota de trens e metrôs, políticas de segurança pública, com a pacificação, e a ampliação da capacidade hoteleira, com a construção de nove novos hotéis e 33.400 quartos de hotéis disponíveis até 2013, são algumas das melhorias que estão sendo realizadas para atender ao Mundial, e que deixarão um legado de qualidade de vida para a população.