ASSINE
search button

Bombeiros levam quase 30 mil pessoas para passeata em Copacabana

Compartilhar

Terminou com abraços entre bombeiros e policiais militares a passeata que reuniu quase 30 mil pessoas na orla de Copacabana, em protesto contra a atual situação vivida pelos homens do fogo do estado do Rio de Janeiro. Segundo a comandante do 19º BPM (Copacabana), Cláudia Lovaine, o número de manifestantes chegou a 27 mil pessoas.

A caminhada contou com o apoio da população, que vestiu roupas vermelhas, além de artistas e até mesmo bombeiros argentinos, que enviaram um representante do sindicato da corporação daquele país ao Rio. A passeata aconteceu de forma pacífica desde o início, por volta das 11h30, quando os manifestantes saíram do ponto de encontro, em frente ao hotel Copacabana Palace. Mais de 20 ônibus levando bombeiros e simpatizantes cehgaram da Região dos Lagos, Baixada Fluminense e Angra dos Reis.

Entre os políticos presentes estavam os deputados estaduais Marcelo Freixo (Psol) e Flávio Bolsonaro (PP), e os federais Alessandro Molon (PT-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ). No entanto os organizadores da manifestação não permitiu que políticos discursasem. A cantora Alcione chegou cedo ao local, vestida de bombeiro, mas não pode acompanhar a passeata, já que se apresenta mais tarde na Quinta da Boa Vista. Madrinha dos bombeiros há dez anos, a artista disse que acredita em um acordo entre os militares e o governo.

"Cabral será sensível", afirmou a artista.

Inicialmente idealizada como um protesto pela prisão de 439 bombeiros que se aquartelaram na unidade central da corporação no centro do Rio no último dia 4, a passeata transformou-se em manifestação de agradecimento à população, depois que o grupo foi solto, por meio de um habeas corpus concedido pela Justiça do Rio. A manifestação também serviu de apoio ao pedido de anistias administrativa e criminal para os bombeiros que estiveram presos.

Durante a manifestação foram coletadas assinaturas para a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) estadual apresentada por alguns deputados à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que torna possível a anistia à categoria.

Apoio argentino

Matias Montecchia, diretor da Escola de Guarda-Vidas da Argentina, veio ao Rio representando o sindicato da categoria naquele país. Mostrando o seu próprio contracheque, ele condenou a situação do que chamou de "colegas do Mercosul".

"O que nós queremos é prestar solidariedade aos nossos colegas do Rio, que têm um salário de pouco mais de mil reais. O governo está fazendo uma vergonha com isso. E a nossa presença aqui é para ajudar na conquista dos direitos que um guarda-vidas deve ter em qualquer parte do mundo”, disse.

Montecchia mostrava o próprio contrachegue para apontar a diferença salarial entre os bombeiros argentinos e brasileiros. Na Argentina, segundo ele, o salário inicial e de cerca de 7 mil pesos – o equivalente a cerca de R$ 2.700.

Professora

A professora Daniele Machado, com um salário mensal de R$ 681,44, aproveitou a manifestação para apoiar os bombeiros e criticar o baixo salário que recebe e as precárias condições de trabalho.

“Preciso de duas matrículas para ter este salário. Daí o meu apoio aos bombeiros. Também aproveito para protestar contra as precárias condições de trabalho. Leciono nas escolas estaduais Almirante Barão de Teffé e Barão de Santa Margarida. Esta última, em Campo Grande, na zona oeste da cidade, não tem cadeira suficiente para os alunos, que sentam no chão para assistir às aulas e não tem vidros nas janelas, o que é uma pouca vergonha", disse.

Motociclistas

Os motociclistas do Moto Clube Esquadrão Águia de Fogo também apoiam a manifestação dos bombeiros do Rio. Marco Aurélio Ferreira, presidente do clube falou sobre o apoio à manifestação.

“A movimentação é altamente justa. Sem o Corpo de Bombeiros nas ruas da cidade muitas pessoas não sobreviveriam em caso de acidentes graves, principalmente os motociclistas e motoboys. Eles são os anjos do asfalto, estão na rua, no dia a dia, com sol, chuva ou fogo”, disse o presidente do Moto Clube, Marco Aurélio Ferreira.

Valter Vitorino é capitão bombeiro do Espírito Santo. Atualmente na reserva, Vitorino veio prestar solidariedade aos bombeiros do Rio e defender um piso nacional unificado para a categoria.

“A nossa segurança está insegura. E o problema não é só no Rio de Janeiro, mas em todo o país. Nós queremos um piso nacional unificado: trabalho igual, piso igual. Se um bombeiro do Distrito Federal mergulha, nós, de outros estados, também mergulhamos. Se eles sobem em prédios, nós também subimos. Então, piso nacional para a classe”, defendeu.

O cabo da Polícia Militar da reserva, Jorge Andrade da Costa, que estava na passeata com a esposa, disse que a causa dos bombeiros é mais do que justa. "Um bombeiro não pode ganhar R$ 950 ao entrar na tropa, principalmente levando em conta os riscos inerentes à profissão."

Em homenagem aos 439 bombeiros que foram presos, o mesmo númeor de balões de gás foram soltos no céu, que ficou salpicado de vermelho.

Com Agência Brasil