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Onda vermelha: população do Rio usa fitas coloridas em apoio aos bombeiros

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Os gritos de "soltem nossos heróis, soltem nossos heróis", entoados constantemente pelos bombeiros que há cinco dias ocupam as escadarias da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) já ecoam por diversos cantos do estado.

Símbolos do movimento, faixas e fitas vermelhas tornaram-se itens populares entre os cariocas, incluindo artistas e policiais militares que já puderam ser vistos na rua com o acessório sobre a farda. Muitos veículos também têm exibido as fitas.

Assim como na quarta-feira, quando um grande número de populares juntou-se a uma passeata realizada por bombeiros em Niterói, o dia foi marcado por demonstrações de que os pedidos de melhores condições de trabalho e de anistia aos 439 detidos são amplamente apoiados pela população.

A auxiliar de enfermagem Maria Casa Nova, 59 anos, pode ser considerada um símbolo desse sentimento. Inconformada com o episódio, ela está acampada junto aos manifestantes desde segunda-feira, e a volta para casa, garante, ocorrerá no mesmo dia em que os bombeiros forem soltos. 

"Estou aqui em solidariedade a esses heróis. Faço o trabalho que for necessário. Corto cebola, pimentão, faço até molho para cachorro-quente. Trouxemos ainda material para primeiros socorros, tudo comprado com dinheiro arrecadado pela população", diz Maria, que revela ter visto de perto a atuação dos bombeiros. "Moro próximo ao Morro do Bumba. Sei o que eles fizeram".

Nelson Batista, 46 anos, membro do Moto Clube de Bangu, também demonstra gratidão aos profissionais do Corpo de Bombeiros. Ele diz que já foi socorrido por diversas vezes durante suas viagens e afirma que seu filho só está vivo graças ao trabalho dos militares.

"O acidente foi muito grave, mas a ajuda chegou rapidamente. O meu filho precisou levar 326 pontos, mas, no fim das contas, ficou bem. É por isso que acredito que devemos nos solidarizar a eles neste momento complicado. Eles estão sempre presentes quando precisamos, então também devemos apoiá-los", conta.

O "Praga", como é conhecido, revela que muitos de seus companheiros de motociclismo irão à praia de Copacabana participar da manifestação em prol dos detidos. O ato foi marcado para a manhã do próximo domingo.

"Teremos representantes da Baixada Fluminense, Região dos Lagos e de outros estados como Minas Gerais e São Paulo. Faremos bastante barulho", promete.

Devidamente pintadas, e com a faixa vermelha na cabeça, as estudantes Liz Souza e Alice Mari Catalã, de 19 anos, concordaram quanto à legitimidade dos protestos. Segundo elas, todos possuem direito de se manifestar livremente.

"Os governantes precisam se conscientizar de que o Brasil necessita de melhorias. E não é prendendo pessoas de bem que conseguiremos avançar", afirma Liz.

Para Alice, a solidariedade vem de casa.

"Minha mãe é funcionária pública e ganha tão pouco quanto eles. Não é possível que homens que salvam tantas vidas sejam mal remunerados", reclama.

Bombeiros agradecem

Em entrevista coletiva concedida na manhã desta quinta-feira, o capitão Lauro Botto, do 23º GBm, Resende, um dos porta-vozes dos manifestantes, agradeceu às mensagens de carinho que têm recebido dos populares.

"Gostaria de demonstrar minha satisfação com todo o apoio que a população fluminense tem nos dado. É gratificante saber que a nossa causa tem sensibilizado tanta gente. Espero que, em breve, possamos comemorar a volta de nossos heróis", declarou.