Os porta-vozes dos bombeiros que há quatro dias estão acampados em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) rebateram os rumores de que o movimento teria propósitos políticos e negaram qualquer vínculo com a Frente Unificada das Entidades de Classe de Segurança Pública.
A associação, criada nesta quarta-feira, afirmou que pretendia apresentar ao governador Sérgio Cabral uma proposta de piso salarial de R$2.900 para a categoria e para policiais militares.
- Toda ajuda, desde que honesta, é bem-vinda, mas ninguém está apto a negociar em nome do nosso movimento. Ficamos sabendo da Frente Unificada através da imprensa. As nossas reivindicações trabalhistas estão bastante claras, mas isto ficou em segundo plano a partir do momento em que os nossos companheiros foram presos. Agora, todo e qualquer entendimento girará em torno deste tema - disse o capitão Lauro Botto, do 23º Gbm, Resende.
O cabo Laércio Soares, por sua vez, afirmou que os protestos não irão parar até que os 439 detidos no Quartel-General da corporação, em Jurujuba, Niterói, sejam soltos e anistiados.
- Mesmo que o governador anuncie amanhã que passaremos a receber R$ 5 mil, eu continuarei, dia e noite, nas escadarias da Alerj. Não descansaremos enquanto os nossos irmãos não estiverem ao nosso lado - garantiu.
Lauro Botto negou ainda que a forte presença de bombeiros de Campos dos Goytacazes no episódio da invasão ao Quartel Central da corporação, na última sexta-feira, seja um indício de que as ações tenham sido orquestradas com o objetivo de desestabilizar a administração estadual. A cidade, no Norte Fluminense, é um dos maiores redutos políticos do ex-governador e deputado-federal Anthony Garotinho (PR).
- Se entendem que política é um grupo de pessoas reunidas lutando por um ideal, então, sim, pode-se dizer que o episódio foi motivado por questões políticas. Mas é necessário deixar bem claro que a iniciativa não partiu de nenhum deputado, partiu da tropa - disse.
O militar continuou:
- Campos é uma das cidades que possui o maior número de bombeiros no Estado. A mobilização é natural. Não se fala, porém, dos que vieram de Teresópolis e Friburgo, onde quatro companheiros morreram durante os resgates às vítimas das chuvas na Região Serrana. Heróis que até hoje não receberam sequer uma homenagem - desabafou.
Defensoria pública
O defensor público Luís Felipe Drummond disse que somente nesta quinta-feira teve acesso aos autos de prisão em flagrante dos militares após a ocupação do quartel central.O texto será analisado e, em seguida, a Defensoria Pública entrará com recurso a favor dos presos.
Apuração: Carlos Caroni