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Greenpeace: BNDES financia um calhambeque atômico

ONG simula acidente nuclear na sede do banco e cobra a suspensão do investimento em Angra III

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RIO - Na véspera do aniversário de 25 anos do acidente nuclear em Chernobyl, na antiga União Soviética, uma ‘nuvem radioativa’ cobriu a sede do BNDES, no Rio de Janeiro. Segundo o Greenpeace, a fumaça laranja que subiu aos céus no Largo da Carioca, endereço do banco no Centro da cidade, foi ao mesmo tempo um alerta sobre os perigos de um acidente nuclear e um apelo para que o BNDES suspenda o financiamento para a construção da usina nuclear de Angra III.

Por volta das 9h30, ativistas do Greenpeace vestidos como equipes de resgate em acidentes nucleares dispararam sinalizadores de fumaça na frente do prédio do BNDES, simulando contaminação por radiação. Um carro de som anunciava a simulação e um cartaz pedia ao BNDES para não financiar uma geração de energia tão insegura, como provam Chernobyl e Fukushima. 

De acordo com os ativistas do Greenpeace, os planos de Angra III datam da década de 70 e empregam tecnologia alemã. Seus reatores podiam ser chamados de modernos nos anos 80, quando foram construídos. Hoje, são peças de museu. "Após o acidente no complexo nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, em 11 de março, o governo alemão, antigo parceiro na empreitada atômica brasileira, anunciou a revisão da fiança de 3 bilhões de reais que havia estendido ao projeto de Angra III. A chanceler alemã Ângela Merkel foi apenas coerente com o que está fazendo em casa", informaram os ativistas.

Pressionada nas urnas a abandonar os planos nucleares, Merkel cancelou as operações de sete reatores fabricados na década de 80 em seu país, similares ao que será instalado em Angra III. E mandou investigar a fundo seus protocolos de segurança. Foi um claro sinal de que a Alemanha acha que reatores fabricados há três décadas são ultrapassados e perigosos.

“Angra III não tem plano de segurança adequado e não apresenta destinação para o lixo radioativo, a exemplo das outras duas usinas em operação na região. Se a Alemanha, detentora da tecnologia dos reatores, já admitiu que não considera a tecnologia segura, por que insistimos em seguir adiante com uma obra de alto risco?”, questiona Ricardo Baitelo, responsável pela Campanha de Energia do Greenpeace.

“Resta ao BNDES pensar melhor destino para o dinheiro público do que o investimento em uma fonte insegura, altamente perigosa, cara e desnecessária. O Brasil tem potencial para se tornar 100% renovável com energia limpa e totalmente segura como eólica e solar a custo muito menor”, afirma Baitelo.

A data do protesto foi escolhida para relembrar o pior acidente nuclear que o mundo já assistiu, em Chernobyl, atual Ucrânia. No dia 26 de abril o acidente completa 25 anos, mas continua a fazer vítimas. O perigo da energia nuclear, no entanto, parece não querer ser esquecido. O recente acidente em Fukushima, no dia em que completou seu primeiro mês, foi elevado à categoria 7, mesmo nível de gravidade de Chernobyl.

Informações do site do Greenpeace