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Secretaria de Saúde alerta para o risco de recaídas de usuários de drogas durante o Carnaval

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O Carnaval é a maior festa popular do mundo. Para os foliões, o ano realmente só começa depois da Quarta-feira de Cinzas, e muita gente já começa o ano de ressaca. Apesar de o álcool ser uma substância lícita e a mais usada no Brasil, o uso excessivo pode causar sérios danos físicos, psíquicos e sociais.

Durante a festa momesca, o aumento do consumo de álcool é muito comum, tanto socialmente, como entre os que fazem uso crônico. De acordo com o diretor do Centro de Tratamento e Reabilitação de Adictos (Caps ad Centra-Rio), da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil, Márcio Barbeito, é possível perceber um aumento na recaída dos usuários de drogas lícitas e ilícitas durante os meses de verão, mas especialmente na época do Carnaval.

"Não há pesquisas na literatura que comprovem o aumento de recaídas de usuários de substâncias químicas durante ou após o Carnaval. As recaídas acontecem o ano inteiro. Mas pela nossa experiência clínica observamos que todos os eventos que envolvem festejos e rituais, são passíveis de suscitar recaídas em pessoas com essa tendência. Isso vale para o Carnaval, mas também para o Natal, Ano Novo, finais de campeonato de futebol, aniversários, entre outras datas. Observamos que o período do Carnaval é tido como uma época muito preocupante para aqueles que decidiram manterem-se abstinentes, mas também para todos os que consomem álcool e outras drogas de maneira problemática. É consensual entre os pacientes que frequentam o Caps ad Centra-Rio que este se trata de um período de maior vulnerabilidade", alerta Barbeito.

Para a diretora técnica do Centro, Selma Pau Brasil, não apenas há um aumento do consumo de drogas e álcool nesse período, mas também do comportamento de maior risco, como sexo não-seguro, embriaguês no trânsito, uso injetável de drogas, entre outros.   

O Programa de Alcoolistas, criado há 10 anos na unidade, atende aos usuários com mais de 40 anos e com comprometimentos clínicos causados pela dependência do álcool.  De acordo com a psiquiatra, Angela Freund, é notório o aumento das recaídas durante o Carnaval.

"O paciente agudo, recém chegado, é o mais provável de se afastar do tratamento depois desse período de festas. Mas ele sabe que estamos aqui e acaba voltando. Mas por outro lado temos paciente em abstinência há dois anos. Esse sabe que tem muito a perder e dificilmente recai. Em nossos grupos terapêuticos ou consultas ambulatoriais, alguns usuários relatam o seu medo de recaída. Procuramos sempre valorizar o que essa pessoa vem conquistando com a sobriedade. Mostramos todo o ganho físico e nas relações sociais", conta a psiquiatra Angela Freund.

O Caps ad Centra-Rio realiza trabalhos de prevenção e de Redução dos Riscos e Danos relacionados ao uso de álcool e outras drogas não apenas no Carnaval, mas durante todo o ano.  As estratégias são definidas individualmente, de acordo com cada caso.