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Beltrame diz que chefe de Polícia Civil goza de sua confiança

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RIO - Em referência à Operação Guilhotina, deflagrada nesta sexta-feira pela Polícia Federal para prender policiais civis e militares corruptos, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse que não vai abrir mão de qualquer parceria e de quem quiser ajudá-lo. - O problema no Rio de Janeiro é antigo e sério - afirmou Beltrame.

Ele também ressaltou que o chefe da Polícia Civil, Alan Turnowski, goza de sua confiança e não vai fazer juízo de valor. Turnowski está prestando esclarecimentos na Superintendência da Polícia Federal na condição de testemunha contra os acusados de corrupção investigados na Operação Guilhotina. - O doutor Alan goza da minha confiança. Ele está sendo ouvido aqui e vai se manifestar. Não vou fazer juízo de valor. Depois vamos analisar - afirmou Beltrame. Ainda de acordo com o secretário, enquanto houver corrupção, não há mudança na polícia. - Polícia nenhuma do mundo vai virar a página enquanto tiver esse tipo de gente - frisou.

Já o superintendente da PF, Ângelo Fernando Gióia, disse que o objetivo primário da operação é alcançar policiais que vazam informações a grupos de criminosos. ''Em 2009, uma operação tinha objetivo de prender um dos líderes da Rocinha. A operação vazou e o vazamento foi investigado. A partir de uma prisão, a PF conseguiu avançar na investigação o que gerou a Operação Guilhotina'', explicou.

E o procurador-geral de Justiça, Cláudio Soares Lopes, afirmou que ''como cidadão é claro que lamentamos quando agentes públicos deviam defender e acabam transgredindo a lei. Por outro lado, a palavra é de satisfação pela integração das instituições. No combate ao crime, na conduta desses policiais", disse.

 

Operação Guilhotina   

A Polícia Federal, a Secretaria de Segurança e o Ministério Público Estadual realizaram na manhã desta sexta-feira uma grande operação integrada que visou a dar cumprimento a 45 mandados de prisão preventiva (sendo 11 contra policiais civis e 21 contra policiais militares), e a 48 mandados de busca e apreensão.

O trabalho é fruto de duas investigações paralelas iniciadas ainda em 2009, uma da Corregedoria Geral Unificada da Secretaria de Segurança do Rio e outra da Superintendência da Polícia Federal. A troca de informações entre os serviços de inteligência das duas instituições deu origem ao trabalho conjunto desta manhã.

O cumprimento dos referidos mandados atinge grupo criminoso formado por policiais e informantes envolvidos com o tráfico ilícito de drogas, armas e munições, com a segurança de pontos de jogos clandestinos (máquinas de caça-níqueis e jogo do bicho), venda de informações policiais e com milícias. As forças estaduais destacaram hoje 200 homens, além de dois helicópteros e quatro lanchas. As equipes da Polícia Federal empregam um efetivo de 300 homens.

A titular da delegacia da Penha (22ª), Marcia Beck, foi detida nesta sexta-feira durante a Operação Guilhotina. Outros três policiais daquela delegacia também tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça. Os agentes federais ficaram mais de três horas na unidade, que foi fechada, à procura de armas, celulares e agendas que comprovassem a ligação dos policiais com traficantes. A delegacia de São Cristóvão também foi alvo da operação.

 

Ex-sub-chefe de Polícia está foragido

Os homens da PF também não encontraram em sua residência o ex-sub-chefe de Polícia Civil, Carlos Antônio Luiz de Oliveira, um dos procurados, e agora ele é considerado um foragido.

A Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop) divulgou nota, informando que vai exonerar o delegado Carlos Antônio Luiz Oliveira das funções de subsecretário de Operações. Carlos Oliveira estava no cargo há pouco mais de um mês. A Seop disse que vai acompanhar atentamente as investigações da Polícia Federal.

Acusados beneficiaram bandidos

Um dos criminosos beneficiados teria sido Antonio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico nas favelas da Rocinha e Vidigal. Em setembro de 2009, o bandido foi avisado sobre uma grande operação montada pela PF para prendê-lo. As investigações indicaram que um braço-direito do chefe da Polícia Civil avisou o criminoso, e ele escapou do cerco.

Ainda de acordo com a PF, os policiais corruptos recebiam até R$ 100 mil de propina por mês para proteger os traficantes. Além disso, os acusados também roubavam os próprios bandidos. Os crimes mais recentes ocorreram nos complexos da Penha e do Alemão, quando policiais civis e militares foram flagrados saqueando dinheiro e pertences dos moradores e dos traficantes.

Por volta de 7h, a PF divulgou nota sobre a Operação Guilhotina, informando que a ação se iniciou a partir de vazamento de informação numa operação policial que era conduzida pela Delegacia de Polícia Federal em Macaé, denominada “Operação Paralelo 22”,  que tinha como principal objetivo prender o traficante conhecido como “Rupinol”, que atuava na favela da Rocinha junto com o traficante Nem.

A partir daí, duas investigações paralelas foram iniciadas, uma da Corregedoria Geral Unificada da Secretaria de Segurança do Rio e outra da Superintendência da Polícia Federal/RJ. A troca de informações entre os serviços de inteligência das duas instituições deu origem ao trabalho conjunto desta manhã.

Segundo a PF, a “Operação Guilhotina”  colocará fim à atuação de um grupo criminoso formado por policiais (civis e militares) e informantes envolvidos com o tráfico ilícito de drogas, armas e munições, com a segurança de pontos de jogos clandestinos (máquinas de caça-níqueis e jogo do bicho), venda de informações policiais e com milícias, além de se dedicarem ao que se chama “espólio de guerra”, que é a subtração de produtos de crime encontrados em operações policiais, como ocorrido na recente operação de ocupação do complexo do Alemão.