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Colégio Tim Lopes também vai ser centro de cultura para o Complexo do Alemão

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O Colégio Estadual Jornalista Tim Lopes, no Complexo do Alemão, não ficará limitado ao papel educacional convencional, mas será também utilizado para sediar cursos, oficinas e projetos sociais e de cultura destinados a alunos e moradores das comunidades, em parcerias com órgãos públicos e organizações não-governamentais. Segundo a diretora Maria Cristina Fernandes Costa, no momento, o lugar está sendo usado por projetos ligados ao Programa Nacional de Segurança e Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, e por uma oficina de mosaico, iniciativa da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, em parceria com o Instituto Musiva.

A escola pretende continuar com as atividades do Protejo, um projeto social do Pronasci que trabalha com jovens em situação de risco, e trazer o projeto Adubando Raízes, uma das atividades da ONG Raízes em Movimento, que atua no Alemão há mais de 10 anos.

– Estamos pensando em criar um núcleo de cultura no colégio, para assessorar estes projetos e promover uma série de outras atividades e cursos para nossos alunos, mas aberto a outros jovens das comunidades. Nada disso em prejuízo das aulas convencionais do colégio. Temos 15 salas de aula nos dois primeiros pavimentos e salas temáticas no terceiro andar. É onde ficam os laboratórios e núcleos multifuncionais e multimídia da escola. O que não falta aqui é espaço para desenvolver as oficinas e os projetos – planeja a diretora.

Na escola, inaugurada em julho do ano passado, ainda há pouco movimento. As aulas de Ensino Médio só começam em fevereiro. Atualmente, as atividades se concentram mais em algumas salas do terceiro piso, onde acontece, de manhã e à tarde, a oficina de mosaico do Musiva, dirigida pelo coordenador executivo do instituto, Valmir Vale. São 30 moradoras do Complexo do Alemão que começam a aprender as técnicas de produção artesanal em mosaico, usando pastilhas de vidrotil, azulejos e gemas cristalizadas, entre outros materiais.

Além de peças de variados tamanhos e inspiração, as alunas estão fazendo placas com números para identificação de residências, inicialmente para uso próprio, mas, futuramente, podendo se tornar um negócio para elas, vendendo o produto para outras moradias do complexo e da própria cidade. Há um mês em funcionamento, a oficina terá a duração de três meses, cujo objetivo é capacitar as pessoas para a arte do mosaico, visando a geração de renda e a sustentabilidade. A aluna Hanna Oliveira, 34 anos, pretende aproveitar ao máximo o curso para se tornar profissional. Ela agradece a oportunidade.

– Esta oficina de mosaico é importante para revelar talentos, mas principalmente para melhorar a autoestima das pessoas e dar autonomia a muitas mulheres daqui, que poderão conseguir uma geração de renda – ressaltou Hanna.

Alguns dos melhores alunos da oficina estão sendo aproveitados na confecção de nove painéis que vão ser afixados nas estações do teleférico, cuja inauguração está prevista para março. Já existem dois painéis praticamente prontos. O plano de Valmir é entregar o trabalho todo no fim do mês.

– A ideia de criação dos painéis surgiu durante a Oficina do Imaginário, desenvolvido pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do estado. Nas reuniões, foram extraídos os temas primários propostos por moradores, em cima dos quais o Instituto Musiva criou os designers para a produção dos painéis em mosaico – explicou Vale.

Os temas fazem alusão à vida do complexo de uma maneira ou de outra. Os tamanhos são variados. Na estação de Bonsucesso, a primeira do teleférico, única a nível do mar, ficará o maior painel, com sete metros por cinco, mostrando cenas da cidade integrada à favela. O painel é um dos que estão sendo finalizados.

No Mordo do Adeus ficarão três painéis, um alusivo a Noel Rosa, autor de uma música versando sobre o tema do adeus, com 2,40 m x 2,80 m; um quadro de street dance, com 2 m x 1 m; e o terceiro, com cenas da comunidade do entorno, medindo 2,35 m x 4,35 m. Esta medida é a mesma dos painéis das outras estações: na Baiana, o painel é de uma baiana estilizada; no Alemão, a Bandeira do Brasil desfraldada, com a inscrição da frase: Lugar de Gente Feliz; no Itararé, a figura de Cartola, que cantou a alvorada; na estação das Palmeiras, também conhecida por Fazendinha, serão dois painéis: um estampa duas palmeiras com a lua sobre elas, e o outro mostra um garoto soltando pipa.