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Comando Militar do Leste prende possíveis envolvidos em agressão a gay

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O Comando Militar do Leste (CML) divulgou nota informando que investigações internas identificaram os possíveis agressores do jovem que participou de Parada Gay, domingo, no Rio. De acordo com a nota, eles seriam os 3º sargentos Ivanildo Ulisses Gervásio e  Jonathan Fernandes da Silva, que estão com prisão preventiva decretada.

Anteriormente, o CML havia divulgado nota negando envolvimento. No texto, o Exército afirmara que não havia registro de "nenhum disparo de arma de fogo por militares de serviço no Forte de Copacabana". Ainda de acordo com a nota, a área não é administrada pelo forte e, por isso, não há patrulhamento externo fora da área militar. Contudo, o responsável pelo tiro teria reposto a munição de sua arma, dificultando a perícia inicial.

 

De acordo com o delegado da 14ª DP (Leblon), Fernando Veloso, o militar que atirou no estudante admitiu o crime e contou os detalhes. "Não há dúvidas quanto à atitude homofóbica dos militares", disse o delegado. Para Veloso, eles teriam dito que saíram do Forte de Copacabana à revelia dos seus superiores com o objetivo de fazer com que as pessoas que estavam no Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, deixassem o local.

Depoimentos

 

O jovem baleado após a Parada Gay do Rio, Douglas Igor Marques, 19 anos, chegou na 14ª delegacia de Polícia Civil do Leblon, na Zona Sul, para depor junto de quatro pessoas. Todos presenciaram a agressão ocorrida na madrugada de segunda-feira. Uma das testemunhas, um jovem de 16 anos, disse que presenciou o militar atirando em Douglas.

De acordo com ele, o agressor estava fardado e abordou o grupo quando eles estavam próximos às pedras do Arpoador, em Ipanema. Ele contou que o agressor disse: "Vocês são uns veadinhos. São uma vergonha para a família de vocês.". Ao dizer isso, segundo a testemunha, ele teria atirado contra a barriga de Douglas.

"Aconteceu o que não era para acontecer. Fomos vítima de preconceito. Esperamos justiça", disse o jovem, que também presta depoimento sobre o caso.

Após ser baleado, Douglas foi levado por policiais do 23° BPM (Leblon) para o Hospital Miguel Couto, na Gávea. O caso foi registrado na 14ª DP (Leblon). 

Para a mãe do rapaz, uma universitária que se identificou apenas como Viviane, de 37 anos, o caso é de discriminação porque Douglas e os amigos são gays. "Ele estava nas pedras do Arpoador com amigos quando foi abordado por preconceito", afirmou. A família teme sofrer represálias dos supostos envolvidos.

Veja a nota divulgada hoje pelo Comando Militar do Leste:

A propósito da ocorrência da qual resultou ferido um jovem nas proximidades do Forte de Copacabana com a Praça Garota de Ipanema, na noite de 14 de novembro de 2010, o Comando Militar do Leste (CML) informa que as investigações realizadas pelo encarregado do Inquérito Policial Militar (IPM), na forma do que está previsto no ordenamento jurídico vigente, para averiguar as circunstâncias em que o fato ocorreu, identificou os possíveis responsáveis pela agressão.

Por meio das medidas investigatórias preliminares, adotadas em 15 de novembro de 2010, e dos exames periciais realizados, apurou-se, inicialmente, o envolvimento de 02 (dois) militares: 3º Sargento IVANILDO ULISSES GERVÁSIO e o 3º Sgt JONATHAN FERNANDES DA SILVA, que se encontravam de serviço no Forte de Copacabana, em 14 de novembro de 2010, tendo o encarregado do IPM considerado necessária a prisão preventiva desses militares.

O Exército Brasileiro reafirma o seu firme compromisso de não admitir, em hipótese alguma, que desvios de conduta de quaisquer dos seus integrantes fiquem impunes.

Atenciosamente,

Seção de Comunicação Social do Comando Militar do Leste