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Juiz decreta prisão temporária de policiais que atiraram em carro de juiz, em Jacarepaguá

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Os policiais Bruno Rocha Andrade e Bruno Souza da Cruz que atiraram no carro do juiz Marcelo Alexandrino da Costa Santos, 39, tiveram prisão temporária decretada, nesta sexta-feira. De acordo com o juiz Fábio Uchoa, da 4ª Vara Criminal do Tribunal do Júri, eles foram indiciados pela Polícia Civil por tentativa de homicídio, durante uma blitz na Estrada Grajaú-Jacarepaguá, na madrugada do dia 4.

De acordo com Uchoa, os policiais envergonham a Corporação por terem instinto homicida. O juiz também afirmou que, por mais que o carro estivesse em fuga, conduzido por marginais, jamais os agentes teriam a permissão para fuzilar "pois não cabe à polícia aplicar verdadeira pena de morte, a quem quer que seja, simplesmente porque não obedeceu a ordem de parar e pôs-se em fuga, tão somente para satisfazer seu desejo de exbir um poder que, fora dos limites legais, simplesmente não existe", citou parte da carta pública divulgada pela vítima, na internet, no último dia 6.

Segundo o magistrado, as vítimas estão internadas no Hospital Pasteur, no Méier (Zona Norte), amendrontadas com a má ação da polícia.

Confira abaixo a íntegra da carta, escrita pela vítima, o juiz Marcelo Alexandrino da Costa Santos.

“Às milhões de pessoas que, no Brasil e no mundo, têm-nos enviado mensagens e pensamentos de preocupação, carinho e solidariedade:

Eu e toda a minha família, do fundo de nossos corações, agradecemo-lhes e pedimos que continuem orando e nos enviando vibrações positivas, pois, apesar da distância, a tremenda energia que acompanha seus pensamentos nos tem ajudado a seguir em frente, vencendo a cada dia uma nova batalha contra todo o sofrimento físico, emocional, mental e espiritual que temos atravessado.

Todos os dias e em todas as horas, o planeta assiste às mais variadas violações dos Direitos Humanos. Porém, nada há de mais aterrador do que a imagem de um agente público, que de nós deveria cuidar, disparando arma de fogo, com a intenção de matar, contra um casal de bem e suas crianças inocentes apenas para satisfazer seu desejo de exibir um poder que, fora dos limites legais, simplesmente não existe.

Já é passado o momento da mudança. Já não se deve mais aceitar o inaceitável. Já não se pode mais observar a violência e o mau exercício da autoridade pública como convidados bem-vindos a nossas vidas.

Portanto, que essa vibração positiva que nos tem sido enviada se estenda também a todos os seres humanos, a fim de que, da criação de espaços de resistência, onde impere a dignidade, possa nascer uma sociedade verdadeiramente livre, justa e igualitária.

Por fim, não podemos deixar de registrar nossa gratidão a todos os profissionais dos hospitais em que estamos internados. Sua dedicação é confortante e nos inspira a confiança em um amanhã sempre melhor.

Mais uma vez, muito obrigado. Marcelo Alexandrino da Costa Santos e família”

De acordo com a assessoria do hospital, o juiz ainda permanece internado num quarto particular, sem previsão de alta hospitalar. Ele está lúcido, respirando espontaneamente (sem aparelhos) e, além da equipe médica recebe acompanhamentos fisioterápico e psicológico.