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Drummond de óculos novos

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Fernanda Malta, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - A estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade, situada na orla de Copacabana (Zona Sul), próximo ao Posto 6, vive, desde esta segunda-feira, um clima de reality show. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio) deu início ao monitoramento da peça, que será feito durante 24 horas. A tarefa será cumprida com o auxílio de câmeras digitais, a fim de evitar novos atos de vandalismo. Os óculos da estátua já foram roubados sete vezes. Como cada reparo custou cerca de R$ 3 mil, segundo a Fundação Parques e Jardins, responsável pela preservação do monumento público, os cariocas tiveram de arcar com gastos de cerca de R$ 21 mil.

Depois de uma limpeza geral, o poeta amanheceu mais brilhante. Outros acertos, como aplicação de pátina para cobrir rachaduras no ombro direito, também foram feitos. A reforma ainda vai garantir, após restauração, duas novas placas que acompanham Carlos Drummond de Andrade à beira-mar. Uma delas, com informações sobre a vida do escritor, será feita pela prefeitura da cidade. A outra, com a frase no mar estava escrita uma cidade , é patrocinada pela empresa Essilor Brasil, fabricante de lentes de contato.

Críticas ao vandalismo

Somente em maio de 2008, o adereço no rosto da estátua de bronze foi quebrado duas vezes em menos de 48 horas. Na época, foram anunciadas as primeiras iniciativas para monitorar a obra do escultor mineiro Leonardo Santana, a exemplo do que vinha sendo feito com a peça em homenagem a Zumbi, no Centro, que ficou livre da ação dos pichadores depois que câmeras foram instaladas no local. A decisão, finalmente, saiu do papel nesta segunda-feira, um ano e sete meses depois.

Devido aos atos de vandalismo, a estudante Juliana Cosa, 16 anos, desconhecia a miopia do poeta, pois não viu seus óculos no último fim de semana, quando o que restava deles foi retirado para o reparo.

Que horror fazerem isso. Será que os ladrões achavam que a peça era de ouro?

Pela terceira vez no Rio, o casal paulista Carlos Roberto da Silva e Tatiane Suassuna, também lamentou a depredação.

É uma pena que a maioria dos brasileiros não entenda a importância do patrimônio da cidade. Todos têm o direito de usufruir do que é público, mas alguns acreditam que têm mais direitos que os outros lamentou Tatiane.