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Meninos da Cidade de Deus visitam Museu da Polícia Militar

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Caio de Menezes, JB Online

RIO - Cerca de 60 meninos e meninas foram nesta quinta-feira ao museu. Nada de novo, não fosse o fato de todas as crianças serem moradoras da Cidade de Deus, em Jacarepaguá (Zona Oeste), e o museu visitado, o da Polícia Militar, no Centro. Por ter sido dominada pelo tráfico desde sua criação, em 1960, o convívio entre moradores e policiais nunca foi dos melhores.

Entretanto, desde dezembro de 2008, quando ocupou a Cidade de Deus, a Polícia Militar tomou algumas medidas no intuito de aproximar-se dos moradores. A visita é parte desse projeto de integração.

Queremos que o rótulo de truculência caia por terra. Nada melhor que mostrar, de forma lúdica, a corporação e seu funcionamento disse a chefe do Museu, major Analiny Caroprese.

Além do acervo, que retrata os 200 anos da história da PM, mostrando a evolução das fardas e armamento utilizados, além de objetos da Guerra do Paraguai, no Museu também existe uma estrutura específica para a recepção das crianças. Todas puderam vestir-se como os PMs e participar de atividades lúdicas, sempre tendo a corporação como tema.

Enquanto aguardava para fantasiar-se de PM, Igor, de 10 anos, avaliava a chegada dos policiais à Cidade de Deus.

Antes, era tiro toda noite, meu pai já levou um de raspão na perna, e minha casa foi atingida. Achava os PMs bundões e chatos. Hoje sei que são do bem.

Ao vestirem réplicas dos uniformes, as reações eram as mais diversas. Um dos meninos, Maurício, de 11 anos, ameaçava desferir tapas nos colegas.

Perdeu! Tá com m... aí, né? Pode me entregando ou vou esculachar! vociferava.

Quando questionado sobre os motivos daquela atitude, a resposta foi infantil.

Só estava brincando, tio. Assim que os PMs fazem.

Jogos

Durante a visita, as crianças participaram de jogos, onde conheceram a geografia do estado através da localização dos batalhões, e desenharam PMs, além de outros itens ligados à corporação.

Reverenciado como ídolo e herói, o responsável pelas crianças, que fazem parte do projeto Suderj em Forma , o sargento Muniz, que também é professor de educação física, contou um pouco da história do grupo.

Dessas crianças, cerca de 70% têm algum parente que está, ou esteve envolvido, mesmo que indiretamente, com drogas. Por isso, essa visita é importante. A PM é o oposto das drogas, do tráfico, e é isso que tentamos passar para eles diariamente.

Segundo o soldado Rabelo, também professor do projeto da Suderj, o fato de os professores serem policiais, causou estranheza.

Alguns alunos saíram do projeto por medo de represálias do resquício de bandidagem que ainda existe na Cidade de Deus.