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Draco desarticula grupo de extermínio com características de milícia

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Eloisa Leandro, Jornal do Brasil

RIO - Denúncias anônimas e uma investigação de 40 dias com escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça, impediram a formação de uma nova milícia e frearam as ações de um grupo de extermínio na Baixada Fluminense. Nesta sexta, cerca de 60 policiais da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) desarticularam um grupo que atuava nas comunidades de Vila Tiradentes e Jardim do Édem, em São João de Meriti. Seis pessoas foram presas. Entre elas, dois policiais militares e um motorista da empresa Nova Rio, prestadora de serviço do Tribunal de Justiça (TJ).

A quadrilha planejava matar uma promotora de Justiça e um policial civil, que não tiveram as identidades reveladas. Os alvos investigavam a atuação de grupos de extermínio na Baixada Fluminense. Os policiais cumpriram seis mandados de prisão e 13 de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal de São João.

A quadrilha era chefiada por Jorge Luiz de Aquino Baia, conhecido como Chuck, Jason ou Jorginho. Chuck foi preso na tarde de sexta, em Niterói. Robson André Araújo, o Robinho da Bacia do Éden, 39 anos, foi o primeiro a ser preso, no domingo passado, em São Gonçalo. Ele estava detido na Polinter de Neves, e supostamente teria informado o paradeiro do bando.

Ontem, as prisões começaram às 4h. Eduardo Rodrigo Medeiros, o Careca, 33 anos, foi detido em casa. A polícia apreendeu um carro do Tribunal de Justiça, usado por Careca no trabalho, mas não confirmou se o veículo era usado nos crimes. Ele é acusado de tráfico de influência, já que passava informações sobre investigações criminais que pudessem atrapalhar os planos da quadrilha.

Agimos rápido para garantir a segurança das vítimas ameaçadas: a promotora e o policial civil. Não acreditamos que o grupo seja formado apenas pelos seis. Com a divulgação das fotos, acredito que testemunhas possam comparecer na delegacia para desvendarmos outros crimes atribuídos a essa quadrilha. Não sabemos precisar quanto tempo o grupo agia, mas acreditamos em alguns anos suspeita o delegado titular da Draco, Cláudio Ferraz.

Os soldados Edvaldo Oliveira Pinto, o Vaval, 33 anos, lotado no 3º BPM (Méier), e Darniei Marques Moreira, o Moreira, 33 anos, lotado no departamento administrativo da corporação, davam aparato às execuções. Não é a primeira vez que Moreira responde a um processo criminal. Em 14 de setembro de 2007, ele foi preso por policiais da 59ª DP (Duque de Caxias) com outros 49 policiais acusados de integrarem grupos de extermínios na Baixada Fluminense.

Rodiney Rodrigues Curvelo, 27 anos, exercia dupla função: de dia era taxista e à noite executava vítimas encomendadas pelo grupo. Ele foi preso nesta manhã, num ponto de táxi no Leblon, na Zona Sul.

A um passo da milícia

O grupo explorava os moradores das comunidades com a venda ilegal de serviços de TV a cabo, o que custou a vida de outro integrante, Adriano Dias de Almeida, 36 anos. Ele foi morto pelos comparsas em 2 de novembro passado, em Belford Roxo, sob suspeita de ter "contrariado interesses" da quadrilha.

O grupo tinha o domínio das comunidades e estavam a um passo de formar uma milícia, que tinha o Chuck como um "xerife" do bando. O Adriano, integrante da quadrilha, era o responsável pela venda ilegal do serviço de TV a cabo e teve um desentendimento com os comparsas explica Ferraz.

Outro suspeito foi detido na tarde desta sexta, confundido com Chuck. Alexandre Jorge do Nascimento tem seis mandados de prisão por homicídio, mas sua relação com o grupo não foi confirmada. O acusado vai ficar preso na Polinter.

Os presos vão responder por homicídio, formação de quadrilha armada e favorecimento pessoal. O trabalho realizado foi uma ação conjunta entre a Draco, Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, Subsecretaria de Inteligência e a Coordenadoria de Polícia Militar.