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Ministério Público investiga 22 dos 50 vereadores

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Fred Raposo, Jornal do Brasil

RIO - Pouco mais de um terço da Câmara, mais precisamente 18 dos 48 vereadores que tentarão a reeleição em outubro, já estão sendo investigados pelo Ministério Público Estadual (MP-RJ) por suspeita de enriquecimento ilícito. Descontada a inflação de 2004 a 2008, 11 destes parlamentares declararam à Justiça Eleitoral aumento no valor dos bens em seus nomes. Há ainda sete que alegaram decréscimo. Quatro vereadores são acusados apenas de improbidade administrativa. O JB teve acesso exclusivo à lista do MP com os 22 nomes e números de seus inquéritos (ao lado). A Câmara tem 50 membros.

Cinco dos investigados Argemiro Pimentel (PMDB), Chiquinho Brazão (PMDB), Liliam Sá (PR), Pastora Marcia Teixeira (PR) e Sami Jorge (PDT) foram mencionados em reportagem do JB , na semana passada, que mostrou que, somado, o valor dos bens dos vereadores-candidatos dobrou durante a atual legislatura.

O MP informou que, por suas particularidades, os inquéritos estão sendo investigados caso a caso. O conservador Wilson Leite Passos (PP), por exemplo, não forneceu declaração completa do IR e por isso entrou na lista. Ao menos nove dos parlamentares investigados apresentam variações abismais.

É o caso de Jorge Pereira (PTdoB). Embora tenha apresentado pequena variação percentual no valor dos bens 11,75% Pereira passou de R$ 2.514.058,23, em 2004, para R$ 3.441.697,40, este ano. Uma diferença de R$ 927.639,17, terceira maior evolução de volume financeiro entre os vereadores-candidatos.

Outra investigada, Verônica Costa teve crescimento patrimonial de R$ 608 mil. A vereadora foi a única parlamentar, eleita em 2004, que apresentou à Justiça Eleitoral declaração base para o cálculo da reportagem referente ao ano de exercício anterior. Segundo esta, a Mãe Loura do Funk, como é conhecida, teve um gigantesco salto patrimonial, indo de R$ 154.995 para R$ 763.178 no período.

Na contramão da maioria dos demais parlamentares, que teve acréscimo no patrimônio, Rosa Fernandes é investigada por ter declarado o maior declínio de bens. Em sua quarta legislatura consecutiva, a recordista de votos nas duas últimas eleições atingindo a marca dos 100 mil afirmou ter passado de R$ 413.918,68, em 2004, para R$ 283.043, este ano diferença negativa de R$ 130.875,68 (-44%).

Completam o quadro de vereadores-candidatos investigados pelo MP-RJ por suspeita de enriquecimento ilícito Cristiane Brasil (PTB), Alexandre Cerruti (DEM), Luiz Antônio Guaraná (PSDB), Jorge Mauro (DEM), Dr. Carlos Eduardo (PSB), Jairo Souza dos Santos (PSC), também conhecido como Dr. Jairinho, e Sebastião Ferraz (PMDB).

Financiamento, a justificativa

A assessoria de Rosa Fernandes atribuiu a queda patrimonial da vereadora à rescisão de um contrato de financiamento a longo prazo de um imóvel, após o aumento das prestações do mesmo. Mas, ao ser informada de que a principal variação no valor dos bens da parlamentar referia-se a veículos declarados apenas em 2008, a assessoria não soube dizer se Rosa se desfez dos carros citados na declaração ao Leão.

A assessoria de Verônica enviou fax informando que o patrimônio, à época, era de R$ 578.202.

Na declaração de bens em questão, a vereadora estava em disputa judicial com o ex-marido. Houve divisão de bens. Dá sensação de que cresceu, mas na verdade diminuiu comunicou, embora no fax, enviado por pessoa que identificou-se como contador de Verônica, lia-se como pode ser observado, o acréscimo de 2002 a 2007 foi de 31,99% .

Jorge Pereira não foi localizado para justificar a variação.

Presidente da casa teve queda suspeita em seu patrimônio

Sete vereadores-candidatos estão na mira das investigações do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro (MP-RJ) sob a suspeita de improbidade administrativa. Entre eles, o presidente da Câmara, vereador Aloisio Freitas, que declarou ter sofrido queda patrimonial no período passou de R$ 627 mil em 2004 para R$ 400.849,00 na declaração de 2008.

Da lista do MP, três parlamentares são investigados sob suspeita de enriquecimento ilícito e improbidade administrativa. É o caso de Sami Jorge, ex-presidente da Câmara, Rosa Fernandes e Alexandre Cerruti, vereador com maior número de inquéritos quatro no total, sendo três por improbidade administrativa.

Jorge João Silva, também conhecido como Jorginho da SOS, não declarou bens em 2008. Investigado pelo MP-RJ em dois inquéritos por improbidade administrativa, afirmou, em 2004, ter aplicação em fundos de investimentos e dinheiro em conta corrente que somavam R$ 3.717,62.

Queria até ter melhorado de vida, mas não foi o caso. Moro em casa alugada, minha família é muito pobre explicou o vereador investigado, que obteve 23.790 votos na última eleição. Não sei como os outros obtiveram crescimento patrimonial. Devem ter outro meio de vida.

Nereide Pedregal atribui a um erro do contador não ter tido bens declarados este ano. Até porque, em 2004, a vereadora alegou ter R$ 9 mil de participação de cotas em um hotel fazenda.

Se procurar bem, verá que já retifiquei a informação junto à Justiça Eleitoral relata Nereide, embora a divulgação de sua candidatura, na página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até o fechamento desta reportagem, constar que a vereadora não possui bens a declarar .

Já Leila do Flamengo, que teve aumento patrimonial de 610%, já descontada a inflação, deverá ter o valor de um imóvel, comprado no bairro do Flamengo, na Zona Sul, reavaliado, de acordo com o MP-RJ. Completam a lista Rubens Andrade e Silvia Pontes.