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Secretaria de Saúde interdita parcialmente IML

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Agência JB

Rio - A Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil interditou parcialmente o IML (Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto), no Centro do Rio, a partir de laudo emitido pela Vigilância Sanitária. A decisão foi anunciada ontem, dia 11 de janeiro, na sede da SSP, na Central do Brasil, pelos secretários de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, e o chefe da Polícia Civil, delegado Gilberto Ribeiro, e o superintendente da Secretaria de Saúde, Vítor Berbara.

- Ficamos muito preocupados e impressionados com o que vimos depois de uma visita feita na terça-feira a todas as instalações do IML. Solicitamos à Vigilância Sanitária que procedesse uma vistoria e emitisse um juízo formal do que ali encontrou. Acabamos de receber a notícia de que o IML foi parcialmente interditado por não possuir condições sanitárias de atender à comunidade, explicou o secretário José Mariano Beltrame.

Em seguida, o secretário tranqüilizou as autoridades e comunidade em geral, lembrando que, paralelamente à interdição, a Secretaria de Saúde e Defesa Civil já está tomando as medidas necessárias para que nenhum serviço do IML seja interrompido.

A Vigilância Sanitária vistoriou as instalações do IML e fez uma análise dos processos que são desenvolvidos. Foram visitadas as áreas de clínica, atendimento social, almoxarifado, laboratórios de anatomia patológica e necropsia.

- Todas as áreas foram consideradas inadequadas, tanto para o atendimento ao público como em relação às condições de trabalho dos funcionários de todos os níveis do IML. Foram verificadas infiltrações em todas as dependências e na área de necropsia condições sérias de insalubridade. Foi feita, então, a interdição na parte de atendimento ao público e o IML recebeu algumas intimações para proceder adequações mínimas nos locais de trabalho na anatomia e necropsia, adiantou o superintendente Vítor Berbara.

O secretário Sérgio Côrtes disse que a parcialidade da interdição deveu-se ao fato de que o prédio não tem condições de funcionamento, acrescentando, no entanto, que a área de necropsia não poderá ser transferida a outro local.

As vítimas que precisam fazer exames de corpo de delito, que não estejam presas, serão atendidas no Instituto Estadual de Endocrinologia e Diabetes, no Hospital Leopoldo Filho.

- Conseguimos, de maneira emergencial, montar uma estrutura para que não haja interrupção no atendimento do público externo; com relação aos presos, os exames de corpo de delito serão feitos no Instituto de Criminalística Carlos Éboli; e, os exames de patologia clínica no Laboratório Estadual Noel Nutels, disse o secretário.

Sérgio Côrtes lembrou ainda que com relação a necropsia, a Defesa Civil está fazendo hoje a aquisição de equipamentos de proteção individual. São luvas, máscaras, capotes para que se tenham condições mínimas de funcionamento.

- Na verdade, a situação do IML do Rio é dramática. A sensação que tive quando visitamos o local é a de que estávamos entrando em uma casa dos horrores. Então as soluções terão que ser tomadas, como começamos desde agora -, disse o secretário.

O delegado Gilberto Ribeiro ratificou que as instalações do IML estão completamente deterioradas e as condições de trabalho muito ruins.

- Não há equipamentos, material de trabalho. Temos que resgatar aquele ambiente para que os policiais civis e médicos legistas tenham condições adequadas de trabalho disse o delegado, acrescentando que não foi surpresa a conclusão e conseqüente interdição.

Gilberto Ribeiro lembrou ainda que já foram adotadas medidas para minimizar o impacto dessa interdição, disponibilizando locais para que o atendimento ao público seja realizado.

- Vamos resolver ainda este ano, o mais rápido possível. Para tanto, já estamos mantendo conversações com o governador Sérgio Cabral no sentido de conseguir os recursos necessários, além de já haver sido formada uma comissão que vai estudar uma solução definitiva para o IML do Rio.

Três possibilidades serão estudadas e avaliadas, a primeira prevê a reforma do atual prédio, a segunda seria conseguir algum imóvel do estado que se adequasse para a instalação do instituto e a terceira a construção de um novo IML.

Segundo o secretário, praticamente todas as câmaras mortuárias (frigoríficas) do IML estão desativadas e a situação constatada nos corredores do instituto é de calamidade, com corpos em estado de putrefação mantidos à temperatura ambiente em cima de macas devido à falta de gavetas frigoríficas.

A comissão que cuida do IML já determinou que, no prazo de 72 horas, sejam alugadas câmaras frigoríficas com capacidade para armazenar até 30 corpos.