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Depois de 10 horas, pedreiro confessa que matou corretor no Humaitá

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Renato Grandelle, Agência JB

RIO - Uma discussão acabou em tragédia na madrugada de domingo no Humaitá. O corretor de imóveis Osnir Magalhães de Lacerda, de 56 anos, foi morto no terraço de seu apartamento triplex. O pedreiro Júlio Dias da Mota, 25, que confessou o crime, furou a vítima no pescoço com um espeto de churrasco e, depois, incendiou o quarto da cobertura.

Osnir e Júlio encontraram-se no bar da piscina do prédio, onde o pedreiro já trabalhava informalmente há uma semana. Júlio havia tentado entrar em uma festa no playground, mas foi barrado. O corretor, então, o chamou para acompanhá-lo no bar. Depois de duas horas bebendo, fez o convite para que subissem. Já no terraço, ambos discutiram e lutaram. Júlio fez seu anfitrião desmaiar tacando-lhe um vaso de plantas na cabeça. Depois, tentou furar-lhe o pescoço com um espeto de churrasco. Envergou cinco espetos, até finalmente conseguir.

Tentei matá-lo por causa da raiva admitiu, depois de preso. Não imaginei o que poderia acontecer. Estou arrependido, mas fazer o quê?

Para que não desconfiassem dele, Júlio incendiou um cobertor e comunicou ao síndico de que havia fogo na cobertura. Houve confusão no prédio, até os bombeiros controlarem as chamas. Como foi visto por muitas pessoas com Osnir, Júlio foi imediatamente intimado a depor. Confessou o crime 10 horas depois.

Ele alegou que já fora antes à cobertura, mas nunca para ter relações sexuais destacou o chefe da Polícia Civil, Ricardo Hallack.

Provavelmente sentiu-se muito humilhado com as intenções de Osnir, mas, como todo o prédio sabia que o corretor era homossexual, é muito difícil que houvesse subido ao terraço sem saber o que poderia acontecer.

Osnir sempre fora motivo de polêmica no prédio. Sua decisão de sublocar dois quartos no primeiro andar de seu triplex contrariava os vizinhos. A relação ficava ainda mais hostil quando o corretor dedicava-se a uma de suas especialidades: organizar festas no apartamento. Por causa do barulho, a polícia já bateu à sua porta em várias ocasiões. Segundo moradores, Osnir provocava constrangimentos quando bebia demais no bar da piscina e tinha humor instável .

A vítima estava separado há 20 anos. Tinha dois filhos Luis Felipe, de 32 anos, e Luiz Cláudio dos Santos Lacerda, 29 , com quem mantinha contato apenas por telefone. Ambos foram neste domingo à 10ª DP (Botafogo) para depor.

Júlio foi indiciado por homicídio qualificado e ficará preso por 30 dias, prorrogáveis por mais um mês. É o tempo que o delegado Rodrigo Santoro, titular da 10ª DP, tem para encerrar o inquérito. A pena do pedreiro pode variar de 12 a 30 anos.