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Crítica teatro: 'Xanadu', por Teresa Mascarenhas

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O  Musical Xanadu, em cartaz no Teatro Casa Grande, recebeu o título de "Um Besteirol da Broadway".Ao que parece, os produtores tiveram a idéia de importar esse musical, que foi filme - "Xanadu" e deu origem ao Prêmio Framboesa, o pior do ano, e depois um musical na Broadway, ambos sem muito sucesso e, reconhecendo sua fragilidade, resolveram adaptar para Besteirol, aquilo que já era um nonsense, uma trama frágil, que conta a descida à Terra de uma musa do Olimpo, para ajudar um artista a encontrar o seu caminho.

O Besteirol foi um movimento teatral, que nasceu no Rio de Janeiro na década de 80 e teve como fundadores, entre outros, Guilherme Karan, Mauro Rasi, Vicente Pereira, Miguel Magno e Miguel Falabela e tinha como fundamento ser "um teatro desprovido de preconceitos, incorporando diversas referências da cultura brasileira, para montar uma caricatura do comportamento cotidiano." O humor anárquico e o rompimento com o engajamento e a cultura 'erudita' são regras do gênero.

Nessa época a iniciativa foi louvável, pois essa proposta era um protesto de alguns autores contra as consequências do regime militar e a censura, e visava atrair para o Teatro, o público ausente. Realidade bem diferente nos dias de hoje, pois temos observado um grande interesse do público pelo Teatro, em especial pelos Musicais. Assim, ao meu ver, ficou sem objetivo se importar um musical americano, para fazer dele um "Musical Besteirol". Bastaria escrever uma comédia, escolher algumas músicas, que teríamos um musical Besteirol nacional.

Essa montqgem de Xanadu, ao optar pelo escracho e deboche, chega ser um desrespeito aos Direitos Autorais, que devem ter sido negociados como "no replica", evidentemente, sem sequer preverem no que se tornaria a montagem brasileira. A versão resulta num texto fraco e óbvio, com piadas internas, autorreferências e cenas absolutamente criadas ao bel prazer dos adaptadores, como manda a cartilha do Besteirol. Mas, por outro lado, por que entremear essa tolice toda, com cenas interpretadas a sério, como o número de sapateado, que deveria ser executado por Zeus, Sidney Magal (que no filme é feito pelo gênio Gene Kelly) mas o personagem acaba sendo dublado toscamente e substituído por um bailarino do coro.Se a proposta era fazer valer as regras do Besteirol, então que o gênero fosse assumido como tal na sua totalidade e o próprio Magal/Zeus, sapateasse. Mas, se Xanadu veio para debochar da seriedade de como outros artistas vêm montando Musicais no Brasil, então que viesse genuinamente em português, por que "Besteirol da Broadway", simplesmente não existe.

Xanadu tem direção de Miguel Falabella e conta com um elenco de patinadores e não patinadores liderados por Danielle Winits, Thiago Fragoso, Gottsha, Sabrina Korgut, Sidney  Magal e coro.A luz de Paulo Medeiros é correta, mas sem grande criatividade, os cenários de Marrese são fracos, as coreografias de Chamma são básicas e os figurinos de Marcelo Pies seguem o tom de caricatura da adaptação.

Cotação: * (regular)