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Lula veta aliança com Ciro Gomes

A senadores que o visitaram, o ex-presidente diz que o pedetista se comporta como adversário

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera que o candidato do PDT à sucessão presidencial, Ciro Gomes, inviabilizou qualquer tipo de aliança com o PT. Para Lula, não há condição de se aproximar do pedetista porque ele tem se mostrado um adversário. A afirmação foi feita, na terça-feira, durante a visita de senadores integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que fizeram uma vistoria na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde o ex-presidente está preso há mais de 100 dias. No encontro, Lula reafirmou sua candidatura e disse ter certeza de que, quando os recursos de sua condenação no caso tríplex do Guarujá forem julgados, ele provará sua inocência e sairá da prisão.

A declaração de Lula ocorre depois de diversas críticas de Ciro Gomes ao PT e no momento em que o candidato pedetista ensaia uma aliança com partidos de centro e de direita que integram o chamado Centrão, como o DEM, PP, PRB e Solidariedade. Ciro Gomes vem buscando também atrair o PSB e o PCdoB, que lançou a pré-candidata Manuel D’Ávila ao Palácio do Planalto, mas essas investidas ainda não renderam frutos. O PSB também é disputado pelo PT, que tem como trunfo o forte desempenho de Lula nas pesquisas de intenções de votos no Nordeste.

Em Pernambuco, estado governado por Paulo Câmara (PSB), a influência do ex-presidente chega a 65%, segundo pesquisa recente. Câmara, que é vice-presidente do PSB e tenta a reeleição, já levou o diretório estadual a apoiar Lula e vem trabalhando para o PSB fechar uma aliança nacional. O PT ainda tem conversado com o PCdoB e uma nova rodada entre as duas legendas acontece hoje, quando a presidente comunista vai se reunir com a presidente petista, senadora Gleisi Hoffmann (PR). Diante da proximidade das convenções partidárias, as costuras se intensificaram nos últimos dias.

O PDT será o primeiro a homologar seu candidato, em encontro nessa sexta-feira, em Brasília, mas sem a indicação do vice, cuja escolha depende dos acertos da coligação. No sábado, será a vez do PSOL confirmar o nome de Guilherme Boulos como presidenciável, e o PCdoB se reúne em 1º de agosto. Para dar mais tempo aos entendimentos, PSB e PT optaram por adiar suas convenções. O PSB marcou a reunião do Diretório Nacional que vai indicar a decisão do partido sobre as eleições deste ano para o dia 30, mas a convenção só será realizada em 5 de agosto. Um dia antes, os petistas lançarão Lula.

Segundo os senadores, Lula está em excelentes condições de saúde e tem se exercitado todos os dias, além de estar com a “moral altíssima”. “Ele parece que estar 10 anos mais novo”, afirmou o senador Roberto Requião (MDB-PR). Na conversa, o ex-presidente, no entanto, expôs preocupação com a situação econômica do país, por isso a determinação em ser novamente eleito. “Ele está indignado com o descaso do governo com os brasileiros. Ele esta sofrendo com o sofrimento dos brasileiros”, relatou o senador Jorge Viana (AC). Também participaram Edison Lobão (MA0, Renan Calheiros (AL) e Armando Monteiro (PE).

Sobre sua libertação, ele também reafirmou não aceitar a possibilidade de prisão domiciliar, um dos motivos de divergência entre os advogados que fazem sua defesa. “Minha casa não é prisão. Acho uma humilhação o sujeito inocente andar de tornozeleira no pé. Quero sair daqui de cabeça erguida e inocentado de acusações absolutamente sem sentido”, afirmou Lula. 

A ministra Rosa Weber, presidente eleita do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), rejeitou ontem um pedido de integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) para que Lula fosse declarado inelegível antes mesmo de a candidatura dele ser registrada.