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Rodoanel: grampo revela negociação

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Grampo da Polícia Federal na Operação Pedra no Caminho capturou um diálogo entre o engenheiro fiscal da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) Edison Mineiro Ferreira dos Santos e um homem não identificado, tratando de valor de medição e de planilhas da construção do Trecho Norte do Rodoanel. As obras são alvo da PF, que prendeu na quinta-feira, 21, o ex-diretor-presidente da Dersa Laurence Casagrande Lourenço, que foi secretário de Logística e Transportes do Governo Alckmin (PSDB). A Pedra no Caminho mira desvios que podem chegar a R$ 600 milhões em recursos públicos em obras do Rodoanel. 

Edison foi alvo de mandado de prisão temporária ordenado pela juíza Maria Isabel do Prado, da 5.ª Vara Federal de SP. A conversa começou às 10h01, de 29 de maio do ano passado e durou dois minutos. 

O interlocutor do fiscal cita o engenheiro Pedro Paulo Dantas do Amaral, da Dersa, também alvo de custódia na Pedra no Caminho. “Oh, Edson, deixa eu entender aqui. Eu tô com uma planilha que eu pedi pro Pedro Paulo ver com vocês. Quanto que daria a medição sem considerar o aditivo. É esse valor aqui mesmo?”. 

“É… esse valor… dando aquele plus no túnel, né?”, responde Edison. 

“Não, não. Esquece! Sem considerar nada… seco”, pede o homem não identificado.

Edison diz. “Ah tá” Então eu vou fazer e te mando já! Tá?” 

“Ah… quanto que é o valor seco? Sem considerar o (inaudível) aditivo. Quanto que dá?”, insiste o interlocutor.

“Então, deve estar dando uns três e meio, quatro”, afirma o engenheiro fiscal. 

“Tá bom! Isso que eu preciso… eu preciso desse número. Tá bom?”, solicita o homem. 

Em outro trecho da conversa, o interlocutor avisa ao engenheiro. “(Inaudível) aditivo ainda tá enroscado, tá ok?” 

“Põe 3 então…”, responde Edison. 

Em relatório, a PF afirma que o interlocutor foi ‘bastante enfático’ ao afirmar que o valor da medição ‘não deveria considerar aditivo algum’.

O presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, reitera seu total apoio às investigações. Se houve desvio, Alckmin defende punição exemplar. Caso contrário, que o direito de defesa prevaleça. Com relação ao caso mencionado pela reportagem, o ex-governador de São Paulo reforça que todas as informações solicitadas foram prestadas pela DERSA ao TCU, que ainda não julgou o caso.