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Senadores do MDB atacam candidatura de Meirelles

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O lançamento do nome do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles como pré-candidato à Presidência pelo MDB provou algumas reações contrárias. Caciques do partido, à frente o presidente do Senado, Eunício Oliveira, têm vindo a público para falar abertamente contra a decisão encabeçada pelo presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), e o presidente da República, Michel Temer. 

O principal palco das críticas é o plenário do Senado, onde parlamentares usam a tribuna para atacar. Foi o que fez o senador Renan Calheiros (MDB-AL), ao anunciar que trabalhará contra a candidatura. “Eu não acredito que o MDB homologue uma candidatura como essa. Porque essa candidatura vai rebaixar o MDB em todos os estados”, disse Renan. 

Em franca oposição a Temer, os senadores Renan e Roberto Requião (PR) aproveitaram a crise dos combustíveis para bater no governo e no seu pré-candidato. “Está chegando ao fim esse governo e agora ainda me lançam o Meirelles como candidato. Temos que manter a esperança de que reverteremos esse quadro. Meu MDB não é isso”, disse Requião, que pretende disputar a vaga contra Meirelles na convenção do partido. 

Os emedebistas contrários a Temer debitam na conta de seu governo a perda de 7 senadores e 15 deputados ao longo dos últimos dois anos. A baixa, segundo eles, está relacionada não apenas aos escândalos de corrupção envolvendo o presidente e pessoas a ele ligadas. O governo Temer adotou medidas impopulares que também pesam hoje na sua rejeição popular. “A base do PMDB em todo o Brasil vai ter força para reverter este processo e lançar um candidato com programa nacionalista, desenvolvimentista, a favor do povo e da soberania do Brasil”., afirma Requião.

A líder do partido no Senado, Simone Tebet (MS), diz que a principal meta da base do MDB é impedir redução ainda maior da bancada no Congresso nas próximas eleições. Segundo ela, isso será considerado na convenção. “A preocupação maior é que não diminuamos o número de deputados e senadores. Na convenção, que definirá se teremos ou não candidato a presidente, esse aspecto será analisado”, observa a senadora.

O desafio de Eunício

Em entrevista à Agência Estado, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, não garantiu seu apoio a Henrique Meirelles. Disse também que não teme ser afastado do MDB: “Não vou sair e ninguém me tira.”

O senhor vai apoiar Meirelles ou seguir a recomendação do presidente Temer? 

Eu vou ficar no MDB e vou tomar a minha decisão em relação a coligações estaduais e à Presidência da República. Não vou sair e ninguém me tira. Tenho 45 anos de partido. 

Por que não apoiar Meirelles? 

Eu lamento que a direção nacional não tenha construído uma candidatura viável do partido. Aqui no Senado eu já vi gente se filiando de manhã para ocupar lugares na Mesa Diretora à noite. Sinceramente, eu não tenho nenhuma relação pessoal com o ex-ministro Meirelles. O conheci como presidente do BC. Ele nunca exerceu nenhum mandato pelo MDB. Não sei nem por quais partidos ele passou. Sei que do MDB ele não é. 

O senhor está confrontando o presidente da República? 

O presidente da República é um filiado como outro qualquer. Dentro do MDB ninguém é maior do que ninguém. Esse é o PMDB que eu nasci nele e vou morrer nele. Não vou aceitar que ninguém me faça cobrança e me ameace. Já tive muita divergência dentro do partido, mas nunca saí e não vou mudar. Vou morrer com a bandeira do Brasil em cima do caixão, a do Ceará e a do MDB. 

O partido sabe da sua posição? 

Ninguém nunca botou cabresto ou uma corda na cabeça ou no pescoço e laçou para levar para onde quis. Comuniquei ao presidente da República em novembro. Já este ano, numa conversa com o presidente, ele disse que eu sempre estive liberado dentro do partido. 

Quem o senhor vai apoiar?

Estou conversando com minha coligação (que inclui o PT, de Lula, e o PDT, do Ciro Gomes). 

Henrique Meirelles é um candidato ruim? 

Nunca comi uma colher de sal com ele. Estou há quase dois anos na presidência do Congresso e nunca tive relacionamento com ele. Acredito que seja um brasileiro capaz. Agora, uma coisa é um brasileiro capaz e outra é um militante partidário.