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Pesquisa reflete ‘indignação’

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A liderança do deputado federal Jair Bolsonaro, do PSL, na corrida sucessória, segundo a pesquisa do Instituto Paraná, publicada na edição de ontem do JB, não chegou a surpreender o cientista político Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  Para ele, as intenções de votos no ex-capitão do Exército no Rio de Janeiro traduzem o sentimento de ‘indignação’ da população fluminense. “A pesquisa mostra que o  eleitor está em uma posição de descrédito na política e não tem um candidato definido. O voto em Bolsonaro é movido por um sentimento de rejeição à corrupção, protesto e crítica aos políticos e à própria sociedade”. 

Na opinião de Baía, a preferência por Bolsonaro é explicada por duas razões:  não existem acusações contra ele e nem contra seus aliados, e também pela identificação com seu discurso, às vezes polêmico. “Ele se  comunica muito bem e fala o que o senso comum quer ouvir, principalmente no Rio, no combate à criminalidade”. No cenário sem a participação do ex-presidente Lula, Bolsonaro atinge 27,4%  das intenções de voto, seguido de Marina Silva, da Rede, com 13,0%, e Joaquim Barbosa, do PSB, que retirou essa semana sua pré-candidatura.  

 Para o  cientista político,  os votos em Marina são herança da lembrança eleitoral de 2014, mas a pré-candidata da Rede ainda tem margem para crescer.  “O grande desafio de Marina é o pouco tempo de televisão e de Fundo Partidário.  Se fizer coligação, a campanha pode tomar fôlego”.  Há cinco meses das eleições 2018, a retirada do nome do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa poderá mudar o rumo das eleições. “É uma incógnita, pois os votos eram na persona dele e não no partido e não sabemos para quem vai migrar”.  Outro ponto que pode ‘virar a disputa eleitoral’ será o posicionamento do PT. “Tudo depende se Lula sairá mesmo candidato, ou quem apoiará”. 

Neste cenário, partidos tradicionais como o  MDB, do presidente Michel Temer,  o DEM, de Rodrigo Maia e o PSDB, de Geraldo Alckmin, sofrem com a insatisfação dos eleitores fluminenses  com a ‘velha forma de fazer política’ e os ‘velhos discursos’. “Chama atenção como o quadro dos grandes partidos estão fragilizados. Daí, a baixa aceitação de Alckmim, Meirelles e Temer”.

 O cientista político avalia que a posição do eleitor fluminense pode sinalizar um termômetro do restante do país.