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Ex-presidente Geisel autorizou execuções durante ditadura, diz CIA

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Em memorando escrito em 11 de abril de 1974, o, à época, diretor da CIA William Egan diz que o ex-presidente Ernesto Geisel tinha conhecimento e autorizou a execução de mais de 100 pessoas consideradas "subversivas". Egan fez o relato para Henry Kissinger, então Secretário de Estado dos EUA.

Egan descreve um encontro entre Geisel e os generais Confúcio Danton de Paula Avelino e Milton Tavares de Souza, chefes de saída e chegada do Centro de Inteligência do Exército (CIE). Também estava presente o general João Baptista Figueiredo, que sucedeu Geisel na Presidência.

De acordo com o documento, o general Tavares de Souza informou a Geisel sobre a execução de 104 prisioneiros políticos feitas durante o governo Médici. O militar pede ao presidente autorização para dar prosseguimento a esta "política".

>> Leia, em inglês, memorando de William Egan ao Secretário de Estado Henry Kissinger

Geisel pede alguns dias para "pensar". Ele, então, diz ao general Figueiredo que as execuções deveriam continuar. Todavia, todos os assassinatos deveriam ser avaliados antes por Figueiredo. 

“Quando a CIE prender uma pessoa que possa se enquadrar nessa categoria, o chefe da CIE consultará o general Figueiredo, cuja aprovação deve ser dada antes que a pessoa seja executada", relata o documento. "O Presidente e o General Figueiredo também concordaram que a CIE deve dedicar quase todo o seu esforço à subversão interna, e que o esforço geral da CIE será coordenado pelo General Figueiredo".

Ainda de acordo com o relato de Egan, Figueiredo insistiu a Geisel que as execuções deveriam continuar.

O documento está disponível online, no site de documentos históricos do governo dos Estados Unidos. O primeiro e o quinto parágrafos não foram divulgados. Uma cópia será disponibilizada ao Secretário Adjunto de Estado para Assuntos Inter-Americanos. O original é da CIA.