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'El País': No poder, grupo de Temer coloca freio nos tribunais do Brasil

Jornal espanhol relembra áudio de Romero Jucá sobre "estancar a sangria"

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A terceira vitória de Michel Temer contra as tentativas de responsabilizá-lo por crimes de corrupção só mostra que "o Governo e seus aliados conseguiram colocar limites às investigações sobre corrupção que abalam os principais partidos brasileiros", diz o El País, em artigo assinado por Xosé Hermida.

"Da primeira, ele foi salvo pelo Tribunal Superior Eleitoral, presidido por Gilmar Mendes, um magistrado que atua abertamente como conselheiro ocasional de Temer. Da segunda, atuou para livrá-lo sua coesa base de apoio na Câmara dos Deputados. A terceira, que a mesma Câmara votou nesta quarta, teve destino idêntico, o que não foi surpresa para ninguém", escreve Hermida.

O jornal destaca que o cenário faz lembrar daquelas conversas gravadas antes do impeachment de Dilma Rousseff. Em um dos áudios, Romero Jucá (PMDB), que chegou a integrar a equipe ministerial de Michel Temer e agora é líder do governo no Senado, defendia a tomada de poder para "estancar a sangria" das investigações contra a corrupção. 

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"Muitos analistas argumentam que esse foi o motivo de fundo para que o PMDB, no ano passado, rompesse sua aliança com o PT e se juntasse à oposição para derrubar Dilma. Apesar da falta de provas para corroborar isso, com o tempo foi possível verificar que aqueles que estão no poder agora se defendem muito melhor do que aqueles que foram para a oposição", continua o artigo, que reforça que o ex-presidente e ainda líder do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, "à mercê dos tribunais de primeira instância, mais especificamente do implacável juiz Sérgio Moro", já foi condenado a nove anos de prisão. 

A presença do ex-ministro da Justiça de Temer, Alexandre de Moraes, no STF também é destacada, assim como a situação de "outro dos grandes arquitetos da queda de Dilma Rousseff", o tucano Aécio Neves, beneficiado recentemente na Corte. 

"As acusações contra Temer dariam um livro. Há fortes indícios de que era emissário dele a pessoa que, em março passado, recolheu uma mala cheia de dinheiro enviada por um empresário corrupto, o mesmo que dias antes tinha se encontrado secretamente com o presidente em seu palácio. Nenhum de seus colaboradores mais próximos nos últimos anos está livre de acusações."

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