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Janot 'tinha pressa e precisava derrubar o presidente', diz procurador

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O procurador da República Ângelo Goulart Villela, em entrevista para a Folha de S. Paulo, a primeira após deixar a prisão, disse que Rodrigo Janot fez o acordo de delação com a JBS com o objetivo de derrubar o presidente Michel Temer e impedir a nomeação de Raquel Dodge para substituí-lo no cargo de procurador-geral.

De acordo com ele, em uma conversa com Janot, o ex-procurador afirmou: “A minha caneta pode não fazer meu sucessor, mas ainda tem tinta suficiente para que eu consiga vetar um nome”. Segundo Villela, Janot “tinha pressa e precisava derrubar o presidente". "O Rodrigo [Janot] tinha certeza que derrubaria."

Villela ficou preso por 76 dias sob a suspeita de vazar informações do Ministério Público para a JBS. Ele deixou a cadeia no dia 1º de agosto. “A desonra dói muito mais que o cárcere”, disse ao jornal. Ele foi alvo da Operação Patmos, na qual foi denunciado por corrupção passiva, violação de sigilo funcional e obstrução de Justiça.

Em sua delação, Joesley Batista, da JBS, disse que Villela teria recebido uma "ajuda de custo" de R$ 50 mil por mês para vazar informações. Depois, porém, afirmou não saber se o dinheiro chegava ao procurador.

Villela integrava a força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga um suposto esquema de uso irregular de recursos de fundos de pensão.

Na entrevista à Folha, ele negou ter recebido propina e disse ter se aproximado da JBS para negociar delação. Segundo ele, que se disse amigo de Janot, o ex-procurador-geral chamava Dodge de "bruxa" em conversas reservadas.

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