ASSINE
search button

Para PMDB, PT não estava agindo para barrar a Lava Jato, diz PGR

Partido dos Trabalhadores já desconfiava de manobra política para afastar Dilma

Compartilhar

Na denúncia apresentada nesta quinta-feira (14) pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer e integrantes do PMDB, Rodrigo Janot detalha que caciques do PMDB achavam que o então governo PT não estava agindo para barrar a Operação Lava Jato em relação aos “aliados” por que queriam que as investigações prejudicassem os peemedebistas. Daí teria acontecido a rápida ascensão de Eduardo Cunha "no âmbito do PMDB e na organização criminosa."

Entre outros fatores, a ascensão teria se dado "por sua atuação direta e incisiva na arrecadação de valores lícitos ou ilícitos; e pelo mapeamento e controle que fazia dos cargos e pessoas que o ajudariam nos seus projetos". Ainda segundo a PGR, em 2015, a relação entre os integrantes do "PMDB da Câmara" e a ex-presidente Dilma Rousseff estava "fortemente abalada", especialmente pela exoneração de Moreira Franco da Secretaria de Aviação Civil "sem prévio ajuste" com o então vice-presidente Michel Temer.

>> Janot denuncia Temer por organização criminosa e obstrução de Justiça

Ainda segundo a PGR, no início de 2015, Eduardo Cunha decidiu não observar o acordo de alternância entre PT e PMDB e lançou-se candidato à Presidência da Câmara dos Deputados numa disputa com o candidato do PT Arlindo Chinaglia. "Esse episódio marcou uma virada importante no relacionamento entre os integrantes do núcleo político da organização criminosa do 'PMDB da Câmara' e do PT. Os caciques do PMDB achavam que o governo não estava agindo para barrar a Operação Lava Jato em relação aos “aliados” por que queriam que as investigações prejudicassem os peemedebistas; já os integrantes do PT da organização criminosa desconfiavam que aqueles queriam fazer uma manobra política para afastar a então presidente Dilma do poder e assumir o seu lugar."

A Procuradoria-Geral da República detalha que, em março de 2016, "o PMDB decidiu deixar formalmente a base do governo e, em abril de 2016, o pedido de abertura de impeachment de Dilma Rousseff foi aprovado pela Câmara dos Deputados". Michel Temer assumiu a Presidência da República em 12 de maio, provisoriamente, e, em definitivo, no dia 31 de agosto de 2016. "Na sua gestão, garantiu espaços relevantes aos líderes do PP e do PMDB que já pertenciam a organização criminosa", diz a PGR.

A denúncia também destaca que, ante a forte atuação parlamentar e responsabilidade por outras indicações políticas, as quais ainda perduram, "a organização criminosa permaneceu praticando crimes nos anos de 2015, 2016 e 2017. Nesse sentido, aplica-se a lei vigente a partir de setembro de 2013 (Lei nº 12.850/13). Conduta permanente, mesmo iniciada antes dessa data, passa a ser regida pela nova lei, nos termos do enunciado da Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal."