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'Wall Street Journal' ironiza criação de novos partidos políticos do Brasil

Texto cita Partido Militar, Partido Ecológico Cristão e Partido do Esporte

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O jornal norte-americano The Wall Street Journal publicou uma matéria nesta quarta-feira (23) intitulada "Quando já se tem 35 partidos políticos, o que seriam mais 63?", onde ironiza a criação de mais partidos políticos no Brasil. 

O texto diz que os brasileiros estão tão cansados dos escândalos de corrupção e ineficiência dos políticos, que resolveram criar partidos dedicados aos mais variados assuntos, desde a luta contra os criadores de cães ilegais até a candidatura de um treinador de vôlei.

Journal ironiza: "a lista de esperançosos inclui o Partido Militar Brasileiro (que quer privatizar prisões), o Partido Ecológico Cristão (se preocupam com o despojamento do planeta de Deus), e o Partido do Esporte (que exige mais ginásios)".

Nicole Puzzi, uma ativista dos direitos dos animais e popular estrela pornô da década de 1970, integra o grupo que ajuda a lançar o Partido Animais, acrescenta o noticiário. Entre as propostas de política estão a luta contra os criadores de cães ilegais e alterar o status legal dos animais para que eles tenham os mesmos direitos que os filhos.

"Ser político no Brasil é uma profissão ainda mais escandalosa do que a minha", diz  Puzzi, de 59 anos, vestida com botas de couro até o joelho e um terno de renda branca no set de seu programa de TV no centro de São Paulo. 

De acordo com o diário, ao longo do ano passado, um dilúvio de 63 organizações entraram na fila para obter o status oficial que lhes permitiria levar candidatos a concorrer a um cargo. Alguns esperam tornar-se oficiais a tempo das eleições gerais de outubro do próximo ano.

O Brasil fornece um generoso financiamento público para os partidos políticos e coloca poucas regras até agora para limitar a criação de novos partidos, como parte de uma tentativa de promover a jovem democracia do país. O resultado é a proliferação dos partidos, observa WSJ.

A maioria dos possíveis fundadores do partido são pessoas comuns irritadas com a política brasileira, que acham que não poderiam fazer pior do que os políticos que estão no cargo, complementa.

De acordo com as regras atuais, os partidos recebem automaticamente cerca de US$ 30.000 do dinheiro dos contribuintes por mês, ou seja, US$ 360.000 por ano, após aprovação pelo tribunal eleitoral e um bônus para cada membro eleito para o Congresso, aponta o periódico.

"Isso se tornou uma piada, mas na verdade é uma tragédia", diz Paulo Sotero, diretor do Instituto Internacional Woodrow Wilson para Estudantes em Washington.

Um dos partidos que estão sendo formados deseja inscrever para a eleição presidencial do próximo ano Juan Moreno, 40 anos, proprietário de posto de gasolina da cidade de Ubatuba, na praia de São Paulo, comenta Journal em tom de deboche.

O partido do Corinthians, de Moreno, ainda não possui políticas ou posições oficiais. "Aborto, homossexualidade, blá blá, as massas não discutem isso", diz ele.

Outras plataformas são minuciosamente específicas, focadas inteiramente em questões únicas, como as lutas das tribos indígenas, dos habitantes de favelas e das pessoas com deficiência, informa o vespertino.

Com todo o sistema político brasileiro agora desacreditado por denúncias de corrupção, a moda agora é evitar a palavra "Partido". Entre a lista de esperançosos por legalizar um partido estão: Igualdade, Unidade Popular, Renovação, Tribuna Popular, Democracia Parlamentar Real, Força Brasil !, Nova Social Ordem, Movimento do Cidadão Comum e Roots, finaliza o Wall Street Journal.

> > The Wall Street Journal