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'Clarín': Brasil bate recorde de violência e Rio supera escala nacional

Jornal afirma que país registrou mais de 28.000 assassinatos até agora este ano

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Matéria publicada nesta terça-feira (22) pelo jornal argentino Clarín conta que o Brasil continua alto no ranking de violência global. Na primeira metade do ano, 28.200 pessoas foram mortas. Se o ritmo fosse mantido, daria 56.400 homicídios no ano, cerca de 27,2 mortes violentas por 100 mil habitantes. 

Clarín compara os dados com a Argentina, que tem um índice de 6.1 assassinatos por 100.000 indivíduos; E no outro extremo, a Venezuela atinge 87, embora neste caso seja difícil de medir, uma vez que os números oficiais não são confiáveis.

O diário alerta que as autoridades brasileiras falam que o país sofre 155 assassinatos diariamente, ou seja, mais de 6 por hora. Mas as estatísticas nacionais têm grandes diferenças. Uma das cidades que supera a escala nacional é o Rio de Janeiro: na "Cidade Maravilhosa" o número de vítimas de mortes criminais atinge 38 por 100 mil pessoas no Rio.

O texto ressalta que a violência diária no país está aterrorizantemente perto do número de mortos na Síria (60 mil). Os relatórios das agências oficiais e internacionais culpam esta situação por um aumento da marginalização e da pobreza que transforma os jovens pobres no tráfico de drogas. Não surpreendentemente, 70% dos assassinatos são direcionados a crianças de favelas e afrodescendentes. As estatísticas dos primeiros seis meses deste ano mostram o horror: o número total de assassinatos excede em 6,79% os casos registrados no mesmo período de 2016; Um ano que terminou com um assombroso número de 60.000 homicídios.

Os números incluem os grandes massacres ocorridos nas prisões brasileiras em fevereiro, aponta o Clarín. Esses assassinatos, com presos decapitados e desmembrados nos corredores das prisões, foram desencadeados por uma guerra entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). Essa foi, pelo menos, a explicação dada pelas autoridades dos estados provinciais e pelo próprio governo nacional.

Clarín observa que não se pode esconder que os grandes distúrbios políticos registrados entre o ano passado e 2017, acrescentaram importantes dificuldades. Basicamente, houve um desinvestimento na área de segurança e uma ausência praticamente completa do Estado central na resolução dos problemas que mais afetam a população.

Rio de Janeiro é um caso a parte, analisa Clarín. Embora existam outras cidades brasileiras muito mais violentas, a capital do Rio de Janeiro atraiu atenção especial em função da Olimpíada. No período dos jogos mundiais, o Rio teve uma mega operação de segurança. Um mês depois dessas competições internacionais, tudo voltou ao "normal". Os casos de assassinato cresceram 10,2% no primeiro semestre de 2017, em comparação com o mesmo período do ano passado: o Rio registrou 3.457 homicídios. E as mortes homicidas, derivadas de "intervenção" da polícia, aumentaram 45,3%.

Para os especialistas, os dados confirmam que "a principal causa dos homicídios nas grandes capitais (brasileiras) resulta de conflitos de tráfico de drogas". A antropóloga Alba Zaluar, um dos estudiosos mais prestigiados das causas da violência no Brasil, entende que o aumento dos assassinatos é um produto de uma evidente ausência do estado nacional. Descobriu-se, segundo ela, "o fim dos investimentos em projetos que tinham a ver com o compromisso dos agentes da polícia como prevenção".

As Unidades de Polícia Pacifying (UPP) são um exemplo disso. Segundo Zaluar, eles começaram a sentir os "efeitos benéficos" desses programas. "Agora eles começaram a reverter e a ausência de investimento público está se tornando cada vez mais evidente. As taxas de homicídio caíram até 2009, antes que os projetos fossem implementados ".

Na verdade, o que está no cerne das críticas é que qualquer governo provisório, como o do atual presidente Michel Temer, inevitavelmente resulta em uma ausência praticamente total de políticas públicas essenciais, finaliza o Clarín.

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