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'Clarín': No Brasil, populismo morre, atacado pelo vírus da Justiça

Editorial descreve cenário político da América do Sul como labirinto

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O jornal argentino Clarín publicou nesta segunda-feira (21) um editorial escrito pelo professor de relações internacionais Carlos Perez sobre a situação política de alguns países da América. 

Na América do Sul, a agenda política está condicionada pela retirada do poder dos líderes populistas, aponta no início do texto. "Na Venezuela, o regime de Nicolás Maduro parece determinado a abandonar definitivamente o caminho da democracia e da república. A Assembléia Constituinte é o fim de uma estrada e o início de outra".

Recentemente, as declarações de Donald Trump o salvaram novamente. Não surpreendentemente, não houve voz na região que não condenasse a ameaça do uso da força por Washington, na situação da Venezuela. A torpeza diplomática da Casa Branca não tem limites: ignora a rejeição do passado intervencionista que está aninhando na região.

No Equador, é discutido dentro do próprio regime como abandonar o populismo. O ex-presidente Rafael Correa não pode deixar uma "transição vinculada". Seu sucessor, Lenin Moreno, parece determinado a não respeitar o contrato de continuação. Os números da economia, condensados ??no déficit e a dívida externa, fazem parte da dívida pesada de um modelo que sabia se apresentar como "puro". No entanto, também neste país andino a viabilidade do distribucionismo evaporou com a queda das receitas do petróleo.

"No Brasil, o populismo morreu quando foi atacado pelo vírus da Justiça. O único oponente de Lula, até o momento, é o Poder Judiciário. A corrupção não livrou quase ninguém da classe política. Governo e oposição estão envolvidos, com raras exceções. No entanto, o presidente Temer, enquanto é acusado de corrupção e pagamento de propina, está tentando ordenar a economia e aprovar leis com um parlamento ferido em sua legitimidade. Uma dessas leis é a reforma trabalhista. Se a Justiça desqualificar Lula como candidato á eleição de 2018, o populismo perderá sua sustentabilidade". 

Finalmente, na Argentina, se em outubro os dados eleitorais forem confirmados, se encerrará a "era K". Nesse cenário, através de novos formatos políticos, será possível reanimar uma região que foi desvalorizada do ponto estratégico global. Nesse caso, dois ciclos serão fechados simultaneamente: o ciclo do castrismo e o do populismo chavista. Uma nova reconstrução democrática pode ser implementada e espera-se que o Brasil e a Argentina novamente coincidam, como nos anos 80, iniciando esta nova época, finaliza Clarín.

*Carlos Perez Llana é Professor de Relações Internacionais (Di Tella e Universidades do século XXI)

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