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'The Economist': Temer se mantém no poder agradando políticos, não o povo

Artigo analisa como presidente permanece no cargo após escândalos

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A revista britânica The Economist publicou um texto nesta segunda-feira (14) onde lembra que apesar de em maio ter sido revelada uma gravação do presidente Michel Temer supostamente discutindo subornos e em junho o procurador geral ter o acusado, ele permanece no poder.

Como ele sobreviveu?, questiona a publicação. O presidente é um dos grupos políticos que é alvo da Operação Lava Jato, uma investigação de corrupção que estremece o Brasil desde que começou há três anos e meio. O escopo da operação se espalhou muito além da Petrobrás, seu foco inicial. 

The Economist explica que atualmente, os promotores estão investigando alguns dos empresários e políticos mais proeminentes do país. Usando o sistema de "prisão preventiva" e delação premiada, eles extraíram confissões e provas que garantiram mais de uma centena de condenações. 

Vale lembrar, diz The Economist, que nem o poder nem a popularidade fornecem proteção, já que no dia 12 de julho, Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, foi condenado a nove anos e meio de prisão por corrupção. 

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A posição de Temer é instável, avalia o noticiário. Sua popularidade diminuiu desde maio; Ele agora tem uma classificação de aprovação de apenas 5%. Mas foi o congresso, e não o povo, quem decidiu seu destino: sob a constituição do país, o tribunal supremo exige a aprovação de dois terços dos deputados para iniciar um julgamento. Após sua acusação, Temer passou semanas persuadindo legisladores relutantes a apoiá-lo. Ele conheceu mais de 160 deputados e liberou mais de US $ 1 bilhão para distritos, de acordo com cálculos divulgados. Quando o assunto foi submetido a votação em 2 de agosto, o congresso pediu arquivamento do caso que deveria ter seguido para a Suprema Corte.

O resultado foi uma vitória pessoal para Temer, mas pode não ser suficiente para retomar a sua agenda legislativa, aponta The Economist. A sua impopularidade torna ainda mais difícil aprovar as reformas econômicas que são vitais para estabilizar as finanças públicas do país e incentivar o crescimento. 

The Economist alerta que a situação do presidente pode em breve ficar ainda mais difícil: o Sr. Janot deverá trazer mais duas acusações contra Temer nas próximas semanas, cada uma das quais pode exigir uma votação similar na câmara. Com as eleições em outubro de 2018, os deputados que se candidatam à reeleição ficarão cada vez mais relutantes em oferecer seu apoio. Uma pesquisa publicada no final de julho descobriu que quatro quintos dos brasileiros querem que seu presidente seja julgado. Temer provavelmente ainda completará seu mandato, mas deve enfrentar algumas semanas bem difíceis, finaliza.

> > The Economist