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PF pede transferência de Marcos Valério para concluir delação do mensalão mineiro

Um dos principais alvos seria o senador tucano Aécio Neves

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A Polícia Federal pediu para que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza fosse transferido da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, para a Apac de Sete Lagoas, na região Central de Minas Gerais. O juiz Wagner Cavalieri, titular da Vara de Execuções Criminais da Comarca de Contagem, afirmou em sua decisão, ao qual o jornal O Tempo teve acesso, que o pedido se deu “a fim de concluir o procedimento de colaboração premiada sob análise do Supremo Tribunal Federal”.

O juiz afirma que Marcos Valério é “possuidor de inúmeras informações de interesse da Justiça e da sociedade brasileira sobre fatos ilícitos diversos que envolvem a República”. Como cita políticos com foro privilegiado, o acordo aguarda homologação do STF. O principal alvo da delação de Valério seria o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

No foco de Marcos Valério estaria o mensalão tucano mineiro, quando recursos de estatais teriam sido supostamente desviados para a campanha à reeleição do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB). A proposta de delação havia sido rejeitada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG),

Aécio Neves

Em junho do ano passado, em outra tentativa de firmar acordo de delação, circularam informações de que as denúncias feitas por Valério ao MP atingiam Aécio Neves e o senador Clésio Andrade (PMDB-MG). À época, o foco do acordo do publicitário era a delação premiada do ex-senador Delcídio Amaral, na qual Aécio é acusado de pedir mais prazo, na CPI dos Correios, para que fossem entregues as informações do Banco Rural para maquiar documentos.

Aécio Neves teria dito, na sede do governo de Minas Gerais, que o tempo extra foi uma estratégia para “maquiar” os dados do Banco Rural que “atingiriam em cheio as pessoas de Aécio Neves e Clésio Andrade, governador e vice-governador de Minas Gerais (na época)”.

Valério e o Mensalão Mineiro do PSDB

O mensalão mineiro envolve denúncias de peculato e lavagem de dinheiro durante a campanha à reeleição do governador Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998. Um dos fundadores do PSDB e ex-presidente da legenda, Azeredo já foi condenado em primeira instância à pena de 20 anos e 10 meses de prisão. Ele entrou com recurso no TJMG e aguarda o julgamento em liberdade.

Marcos Valério é apontado como operador desse esquema. O publicitário já está preso por ter sido condenado na Ação Penal 470, o processo do mensalão, no qual foram condenados políticos do PT, PMDB, PP, PTB e do extinto PL. Valério cumpre pena de 37 anos pelos crimes de corrupção ativa, peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O publicitário também é réu em processo da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção envolvendo a Petrobras. Ele é acusado de lavagem de dinheiro.A Agência Brasil tentou contato com o advogado de Valério, Jean Robert Kobayashi Júnior, mas não obteve sucesso.