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Michel Temer trava batalha contra o DEM de Rodrigo Maia por deputados do PSB

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Não foi apenas a declaração do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre o desejo de chegar à Presidência da República que preocupou Michel Temer. Agora, Temer tenta estancar uma possível debandada de pelo menos 10 deputados do PSB para o DEM. A migração de legenda daria ainda mais força a Maia, a duas semanas de o Plenário da Câmara votar a denúncia contra o peemedebista.

Na manhã desta terça-feira (18), Temer teve um encontro com a líder do PSB na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS). Após a reunião, a parlamentar seguiu para uma conversa reservada com Rodrigo Maia. A assessoria da liderança confirmou que Temer perguntou sobre a possível saída de parlamentares para outros partidos da base aliada, como o DEM e o PSDB. A líder respondeu ao peemedebista que está trabalhando para solucionar as divergências entre os integrantes da bancada e a direção nacional do partido.

A liderança avaliou que a tentativa de reaproximação de Temer com o PSB não significa um realinhamento do partido com a base aliada. Em maio deste ano, a Executiva Nacional do PSB decidiu romper com a base governista depois da divulgação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do conteúdo das delações dos empresários da JBS, no âmbito da Operação Lava Jato, em que Michel Temer é acusado de participar de um esquema de pagamento de propina e troca de favores com os delatores.

A eventual derrota de Temer na tentativa de evitar a mudança dos parlamentares do PSB para o DEM elevaria o partido de Maia à quinta maior bancada da Câmara, atrás apenas do PMDB, PT, PP e PSDB. Por isso, segundo interlocutores, Temer vem travando uma batalha nos últimos dias, com a ajuda de aliados, para que os cerca de 10 deputados filiem-se ao PMDB. Ele tem o apoio de alguns dos líderes do DEM, enquanto outros preferem apostar na força de Rodrigo Maia.

Em entrevista nesta segunda-feira (17) ao jornalista Roberto D'Ávila, da GloboNews, Maia negou estar motivado com a expectativa de se tornar presidente da República, mas admitiu que esta seria uma aspiração para o futuro. "A longo prazo, é óbvio que chegar onde cheguei já me coloca, daqui a duas, três eleições como uma alternativa [à Presidência]. Mas a curto prazo, acho que a presidência da Câmara já me dá a possibilidade de realizações que eu nunca imaginei que eu pudesse realizar", disse, despertando a desconfiança do Palácio do Planalto.

Filho da ditadura militar e descendente do Arena, partido que deu sustentação aos presidentes dos chamados anos de chumbo, o DEM se refundou em 2007 e deixou para trás a sigla PFL (Partido da Frente Liberal). A mudança de nomenclatura não foi suficiente para que as crises ficassem no passado. Depois de perder mais de 15 parlamentares para o PSD, criado em 2011 pelo hoje ministro Gilberto Kassab, o DEM chegou a ser declarado um partido morto no Congresso Nacional e sua fusão chegou a ser cogitada com o PTB. A vitória de Rodrigo Maia para suceder Eduardo Cunha (PMDB) na Presidência da Câmara deu novo fôlego à sigla.