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Maia reafirma lealdade a Temer, mas diz que pensa na Presidência "a longo prazo"

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou na noite de segunda-feira (17), que, como deputado do DEM, será sempre leal ao presidente Michel Temer, mas que, como presidente da Câmara, será o "árbitro do jogo". A declaração foi dada durante entrevista ao jornalista Roberto D'Ávila, da GloboNews.

A Câmara vai votar, no dia 2 de agosto, parecer sobre a denúncia que a Procuradoria-Geral da República apresentou contra Temer. Somente após a autorização da Casa, o Supremo Tribunal Federal (STF) pode dar prosseguimento ao processo. Temer é acusado de corrupção passiva. A denúncia é baseada na gravação da conversa do presidente com o empresário Joesley Batista, da JBS. Se Temer for afastado, o presidente da Câmara assume a Presidência da República, 

Na entrevista, Maia negou estar motivado com a expectativa de se tornar presidente da República, mas admitiu que esta seria uma aspiração para o futuro. "A longo prazo, é obvio que chegar onde cheguei já me coloca, daqui a duas, três eleições como uma alternativa [à Presidência]. Mas a curto prazo, acho que a presidência da Câmara já me dá a possibilidade de realizações que eu nunca imaginei que eu pudesse realizar", disse, prosseguindo: "O político, quando entra na política, ele sempre sonha no máximo. Isso aí, seria besteira não admitir, mas, nesse momento, não. Nesse momento, eu acho que como presidente da Câmara, eu tenho tido tanto prazer de acordar todo dia às sete da manhã, participar de três cafés da manhã, depois dois, três almoços, dois, três jantares, discutindo os temas do Brasil. A reforma política, a reforma da Previdência, a PEC do teto no ano passado, a lei do pré-sal, que aprovamos... São tantas leis que eu sei que vão ajudar o Brasil, que presidir a Câmara me dá um orgulho enorme."

Questionado se ele não faria com Temer o que Temer fez com a então presidente Dilma Rousseff, ao divulgar uma carta com queixas a ela quando o governo já atravessava uma séria crise, e ao divulgar um áudio, antes do impeachment, com um suposto discurso de posse, Maia disse ter certeza de que "o presidente não fez isso" e contou que todo dia é cobrado pela mãe por mensagem para "não conspirar". "Uma coisa é o presidente da Câmara, outra coisa é o deputado eleito pelo DEM que apoia o governo do presidente Michel Temer. Esse deputado será leal sempre. Agora, o presidente da Câmara vai ser o presidente da instituição e árbitro do jogo. Então, a minha distância do governo nesse momento e a Constituição e o Regimento da Casa são aqueles escritos que eu vou respeitar nesse processo."

Rodrigo Maia comentou ainda sobre os troca-trocas promovidos pelo governo federal nos deputados da Comissão de Constituição e Justiça, para a aprovação de um parecer favorável a Temer. Ele disse que "há muita espuma na história", e que se fosse por negociações de emendas e cargos, Dilma não teria sofrido impeachment.

"A oposição poderia ter pedido ao Supremo [Tribunal Federal] o rito do impeachment. Não pediu. Então, o risco de ter usado o rito do regimento, que era com a possibilidade de trocar membros, disso ninguém reclamou. Então, a partir do momento em que a oposição decidiu que aquele era o rito correto, que era o melhor para a oposição naquele momento, então foi jogo político", frisou Maia.

>> CCJ: oposição vai à PGR contra emendas antes de votação