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'The Guardian': Fazenda da Waitrose utiliza trabalho escravo e vende para JBS

PF descobre homens forçados a viver em condições desumanas e degradantes

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O jornal britânico The Guardian traz em sua edição desta terça-feira (6) uma matéria sobre denúncia de trabalho escrevo em uma fazenda da empresa de carnes Waitrose (do Reino Unido). 

A reportagem diz a empresa já está retirando seus produtos das prateleiras dos supermercados brasileiros depois de uma investigação do jornalista do Guardian e jornalistas brasileiros, relacionando estas carnes ao trabalho escravo nas fazendas de gado.

Os documentos obtidos pelo Guardian e um repórter do Brasil mostram que a JBS, uma das maiores empresas de carne do mundo, comprou anteriormente gado desta fazenda sob investigação federal por usar trabalhadores como escravos. JBS diz que deixou de comprar na fazenda ao descobrir o suposto vínculo com abusos trabalhistas.

A empresa exporta produtos de carne para 150 países ao redor do mundo. O seu produto é utilizado em conservas de *corned beef vendidas pelos principais nomes da indústria alimentícia, incluindo Waitrose, Marks & Spencer, Co-Op, Sainsbury's, Lidl e Princes.

A JBS também fornece indiretamente ao NHS, através da Marillo Foods Limited. No ano passado, o NHS forneceu 162 containers com 36 mil unidades de corned beef de Marillo.

De acordo com documentos oficiais vistos pelo Guardian e repórteres do Brasil, a JBS pagou £ 2m entre 2013 e 2016 para bovinos criados em uma fazenda no estado do Pará, no norte, onde os promotores afirmam que os trabalhadores estavam sujeitos à escravidão, conforme os termos definidos na legislação brasileira.

Em uma série de incursões em junho de 2016, os promotores disseram que policiais federais descobriram homens forçados a viver em condições desumanas e degradantes, sem abrigo e sem banheiros e até sem água potável. Os promotores acreditam que os trabalhadores estavam em dívida, sendo pagos com alimentos e tendo seus equipamentos ilegalmente deduzidos de seus salários.

O dono da fazenda, Antônio José Junqueira Vilela Filho, já havia sido multado em 119 milhões de reais (£ 29 milhões) por desmatamento de uma área de floresta quase equivalente ao tamanho do centro de Londres.

Em resposta às alegações do Guardião, a JBS disse que a fazenda não estava incluída na "lista negra" oficial do governo de empresas conhecidas por usar trabalho escravo. JBS acrescentou que tinha cessado a compra da fazenda após as invasões.

*O corned-beef é carne de bovino inicialmente tratada em salmoura e posteriormente fervida em vinagre em fogo lento. 

> > The Guardian 

A assessoria do produtor rural Antônio José Junqueira Vilela enviou nota à redação do JB:

Nota de esclarecimento

No final de 2016, o produtor rural Antônio José Junqueira Vilela, seus familiares e funcionários foram vítimas de uma operação desastrosa arquitetada pelo Ibama. Imputou-se a inocentes acusações esdrúxulas como a de crime ambiental, lavagem de dinheiro, corrupção e trabalho escravo. Com o avanço das investigações, contudo, as suposições e ilações feitas estão sendo desmentidas. 

Toda a criação de gado do produtor foi feita em fazendas que não tinham restrições para a atividade agropecuária, tanto que a Fazenda Curuá já possuía e ainda tem certidão de regularidade do próprio Ibama. Mesmo após a deflagração da operação Rios Voadores, não existe qualquer denúncia formal sobre a existência de trabalho análogo à escravidão em relação às pessoas envolvidas com a criação de gado. Também não existe e tampouco foi encontrado gado registrado em nome de Antônio José Junqueira Vilela criado em áreas embargadas. 

Sobre a denúncia de trabalho análogo à escravidão, Antônio José Junqueira Vilela esclarece que em toda sua vida profissional já empregou e contratou centenas de funcionários e nunca sequer foi condenado por qualquer processo trabalhista.  As fazendas do produtor rural nunca foram incluídas em listas de trabalho escravo. Também nunca existiu denúncia no Ministério do Trabalho e nem sequer ação trabalhista dos funcionários apontados como “escravos”.

 Quanto às demais acusações, por se basearem em perícias errôneas, escutas telefônicas fora de contexto e ilações fantasiosas, estão caindo uma a uma na Justiça. O Ibama já reconheceu um dos seus muitos erros e cancelou multas ambientais expressivas. No mesmo sentido, em outro equívoco, o Ibama apontava como sendo de “laranjas” áreas desmatadas que posteriormente foram reconhecidas pela Justiça como terras particulares de outros proprietários sem qualquer relação com Vilela. 

As multas por suposto desmatamento em nome de Antônio José Junqueira Vilela foram aplicadas pelo Ibama de forma irresponsável e negligente, tanto que parte delas já foi cancelada e as demais pendentes também se encontram questionadas judicialmente.